ECLESIOLOGIA - A OBRA DA IGREJA
- MINISTÉRIO RESGATE
- 29 de jul. de 2019
- 12 min de leitura
Atualizado: 7 de ago. de 2019

A OBRA DA IGREJA.
1. Pregar a salvação.
A obra da igreja é pregar o Evangelho a toda a criatura (Mat. 28:19, 20), e explanar o
plano da salvação tal qual é ensinado nas Escrituras. Cristo tornou acessível a salvação por provê-la; a igreja deve torná-la real por proclamá-la.
2. Prover meios de adoração.
Israel possuía um sistema de adoração divinamente estabelecido, pelo qual se chegava a Deus em todas as necessidades e crises da vida. Assim também a igreja deve ser uma casa de oração para todos os povos, onde Deus é cultuado em adoração, oração e testemunho.
3. Prover comunhão religiosa.
O homem é um ser social; ele anela comunhão e intercâmbio de amizade. é natural que ele se congregue com aqueles que participam dos mesmos interesses. A igreja provê uma comunhão baseada na Paternidade de Deus e no fato de ser Jesus o Senhor de todos. É uma fraternidade daqueles que participam duma experiência espiritual comum. O calor dessa comunhão era uma das características notáveis da igreja primitiva. Num mundo governado pela máquina política do Império Romano, em que o indivíduo era praticamente ignorado, os homens anelavam uma comunhão onde pudessem livrar-se do sentimento de solidão e desamparo. Em tal mundo, uma das características mais atraentes da igreja era o calor e a solidariedade da comunhão — comunhão em que todas as distinções terrenas eram eliminadas e os homens e mulheres tomavam-se irmãos e irmãs em Cristo
4. Sustentar uma norma de conduta moral.
A igreja é "a luz do mundo", que afasta a ignorância moral; é o "sal da terra", que a preserva da corrupção moral. A igreja deve ensinar aos homens como viver bem, e a maneira de se preparar para a morte. Deve proclamar o plano de Deus para regulamentar todas as esferas da vida e sua atividade. Contra as tendências para a corrupção da sociedade, deve ela levantar a sua voz de admoestação.
Em todos os pontos de perigo deve colocar uma luz como sinal de perigo.
AS ORDENANÇAS DA IGREJA
O Cristianismo no Novo Testamento não é uma religião ritualista; a essência do Cristianismo é o contato direto do homem com Deus por meio do Espírito. Portanto, não há uma ordem de adoração dogmática e inflexível, antes permitindo à igreja, em todos os tempos e países, a liberdade de adotar o método que lhe seja mais adequado, para a expressão de sua vida. Não obstante, há duas cerimônias que são essenciais, por serem divinamente ordenadas, a saber, o batismo nas águas e a Ceia do Senhor. Em razão de seu caráter sagrado, elas, às vezes, são descritas como sacramentos, literalmente, "coisas sagradas", ou "juramentos consagrados por um rito sagrado". Também são elas mencionadas como ordenanças porque são "ordenadas" pelo próprio Senhor.
O batismo nas águas é o rito do ingresso na igreja cristã, e simboliza o começo da vida espiritual. A Ceia do Senhor é o rito de comunhão e significa a continuação da vida espiritual. O primeiro sugere a fé em Cristo; o segundo sugere a comunhão com Cristo. O primeiro é administrado somente uma vez, porque pode haver apenas um começo da vida espiritual; o segundo é administrado freqüentemente, ensinando que a vida espiritual deve ser alimentada.
1. O batismo.
(a) O modo.
A palavra "batizar", usada na fórmula de Mateus 28:19.20. significa literalmente mergulhar ou imergir. Essa interpretação é confirmada por eruditos da língua grega e pelos historiadores da igreja.
Mesmo eruditos pertencentes a igrejas que batizam por aspersão admitem que a imersão era o modo primitivo de batizar. Além disso, há razões para crer que para os judeus dos tempos apostólicos, o mandamento de ser "batizado" sugeriria "batismo de prosélito", que significava a conversão dum pagão ao Judaísmo. O convertido estava de pé na água, até ao pescoço, enquanto era lida a lei, depois do que ele mesmo se submergia na água, como sinal de que fora purificado das contaminações do paganismo e que começara uma nova vida como membro do povo da aliança.
De onde veio, então, a prática da aspersão e de derramar a água ?
Quando a igreja abandonou a simplicidade do Novo Testamento, e foi influenciada pelas idéias pagãs, atribuiu importância anti-bíblica ao batismo nas águas, o qual veio a ser considerado inteiramente essencial para se alcançar a regeneração. Era, portanto, administrado aos enfermos e moribundos. Posto que a imersão não era possível em tais casos, o batismo era administrado por aspersão. Mais tarde, por causa da conveniência do método, este generalizou-se. Também, por causa da importância da ordenança, era permitido derramar a água quando não havia suficiente para praticar a imersão.
Notem a seguinte citação dum antigo escritor do segundo século, agora concernente ao batismo, batiza assim : Havendo ensinado todas essas coisas, batiza em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo, em água viva (corrente). E se não tiveres água viva, batiza em outra água; e se não podes em água fria, então em água morna. Mas se não tiveres nem uma nem outra, derrama água três vezes sobre a cabeça, em o nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Não obstante, o modo bíblico e original é imersão, o qual corresponde ao significado simbólico do batismo, a saber, morte, sepultura e ressurreição. (Rom. 6:1-4.)
(b) A fórmula.
"Batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo" (Mat. 28:19).
Como vamos reconciliar isso com o mandamento de Pedro: "...cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo" ? (Atos 2:38).
Estas últimas palavras não representam uma fórmula batismal, porém uma simples declaração afirmando que recebiam batismo as pessoas que reconheciam Jesus como Senhor e Cristo. Por exemplo, o "Didaquê", um documento cristão escrito cerca do ano 100 A.D., fala do batismo cristão celebrado em nome do Senhor Jesus, mas o mesmo documento, quando descreve o rito detalhadamente, usa a fórmula trinitária.
Quando Paulo fala que Israel foi batizado no Mar Vermelho "em Moisés", ele não se refere a uma fórmula que se pronunciasse na ocasião; ele simplesmente quer dizer que, por causa da passagem milagrosa através do Mar Vermelho, os israelitas aceitaram Moisés como seu guia e mestre como enviado do céu. Da mesma maneira, ser batizado em nome de Jesus significa encomendar-se inteira e eternamente a ele como Salvador enviado do céu, e a aceitação de sua direção impõe a aceitação da fórmula dada por Jesus no capítulo 28 de Mateus.
A tradução literal de Atos 2:38 é: "seja batizado sobre o nome de Jesus Cristo". Isso significa, segundo o dicionário de Thayer, que os judeus haviam de "repousar sua esperança e confiança em sua autoridade messiânica". Note-se que fórmula trinitária é descrita duma experiência. Aqueles que são batizados em nome do tri-uno Deus, por esse meio estão testificando que foram submergidos em comunhão espiritual com a Trindade. Desse modo pode-se dizer acerca deles : "A graça do Senhor Jesus Cristo e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com vós todos" (2 Cor. 13:13).
(c) O recipiente.
Todos os que sinceramente se arrependem de seu pecado, professam a fé no Senhor Jesus, são elegíveis para o batismo.
Na igreja apostólica o rito era acompanhado das seguintes expressões exteriores :
1) Profissão de fé. (Atos 8:37.)
2) Oração. (Atos 22:16.)
3) Voto de consagração. (1 Ped. 3:21.)
Visto que os infantes não têm pecados de que se arrepender e não podem exercer a fé, logicamente são excluídos do batismo nas águas. Com isso não os estamos impedindo que venham a Cristo (Mat. 19:13,14), pois eles podem ser consagrados a Jesus em culto publico.
(d) A eficácia.
O batismo nas águas, em si não tem poder para salvar; as pessoas são batizadas, não para serem salvas, mas porque já são salvas. Portanto, não podemos dizer que o rito seja absolutamente essencial para a salvação. Mas podemos insistir em que seja essencial para a integral obediência a Cristo.
Como a eleição do presidente da nação se completa pela sua posse do governo, assim a eleição do convertido pela graça e pela glória de Deus se completa por sua pública admissão como membro da igreja de Cristo.
(e) O significado.
O batismo sugere as seguintes idéias :
1) Salvação
- O batismo nas águas é um drama sacro (se nos permitem falar assim), representando os fundamentos do Evangelho. A descida do convertido às águas retrata a morte de Cristo efetuada; a submersão do convertido fala da morte ratificada, ou seja, o seu sepultamento; o levantamento do converso significa a conquista sobre a morte, isto é a ressurreição de Cristo.
2) Experiência
- O fato de que esses atos são efetuados com o próprio convertido demonstra que ele se identificou espiritualmente com Cristo.
A imersão proclama a seguinte mensagem : "Cristo morreu pelo pecado para que este homem morresse para o pecado."
O levantamento do convertido expressa a seguinte mensagem : "Cristo ressuscitou dentre os mortos a fim de que este homem pudesse viver uma nova vida de justiça."
3) Regeneração
- A experiência do novo nascimento tem sido descrita como uma, "lavagem" (literalmente "banho", Tito 3:5), porque por meio dela, os pecados e as contaminações da vida de outrora foram lavados. Assim como o lavar com água limpa o corpo, assim também Deus, em união com a morte de Cristo e pelo Espírito Santo, purifica a alma. O batismo nas águas simboliza essa purificação. "Levanta-te, e lava os teus pecados (isto é, como sinal do que já se efetuou)" (Atos 22:16).
4) Testemunho
- "Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo" (Gál. 3:27).
O batismo nas águas significa que o convertido, pela fé, "vestiu-se" do caráter de Cristo de modo que os homens podem ver a Cristo nele, como se vê o uniforme no soldado. Pelo rito de batismo, o convertido, figurativamente falando, publicamente veste o uniforme do reino de Cristo.
2. A ceia de Senhor. Pontos principais.
Define-se a Ceia do Senhor ou Comunhão como o rito distintivo da adoração cristã, instituído pelo Senhor Jesus na véspera de sua morte expiatória. Consiste na participação solene do pão e vinho, os quais, sendo apresentados ao Pai em memória do sacrifício inexaurível de Cristo, tornam-se um meio de graça pelo qual somos incentivados a uma fé mais viva e fidelidade maior a ele.
Os seguintes são os pontos-chave dessa ordenança :
(a) Comemoração.
"Fazei isto em memória de mim." Cada ano, no dia 4 de julho, o povo norte-americano recorda de maneira especial o evento que o fez um povo livre. (*) Cada vez que um grupo de cristãos se congrega para celebrar a Ceia do Senhor, estão comemorando, dum modo especial, a morte expiatória de Cristo que os libertou dos pecados.
Por que recordar a sua morte mais do que qualquer outro evento de sua vida ?
Porque a sua morte foi o evento culminante de seu ministério e porque somos salvos, não meramente por sua vida e seus ensinos, embora sejam divinos, mas por seu sacrifício expiatório.
(b) Instrução.
A Ceia do Senhor é uma lição objetiva que expõe os dois fundamentos do Evangelho :
1) A encarnação.
Ao participar do pão, ouvimos o apóstolo João dizer: "E o Verbo se fez carne e habitou entre nos" (João 1:14); ouvimos o próprio Senhor declarar: "Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo" (João 6:33).
2) A expiação.
Mas as bênçãos incluídas na encarnação nos são concedidas mediante a morte de Cristo.
O pão e o vinho simbolizam dois resultados da morte :
A separação do corpo e da vida, e a separação da carne e do sangue.
O simbolismo do pão partido é que o Pão deve ser quebrantado na morte (Calvário) a fim de ser distribuído entre os espiritualmente famintos; o vinho derramado nos diz que o sangue de Cristo, o qual é sua vida, deve ser derramado na morte a fim de que seu poder purificador e vivificante possa ser outorgado às almas necessitadas.
(c) Inspiração.
Os elementos, especialmente o vinho, nos lembram que pela fé podemos ser participantes da natureza de Cristo, isto é, ter "comunhão com ele". Ao participar do pão e do vinho da Ceia, o ato nos recorda e nos assegura que, pela fé, podemos verdadeiramente receber o Espírito de Cristo e ser o reflexo do seu caráter.
(d) Segurança.
Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue"! (1 Cor. 11:25).
Nos tempos antigos a forma mais solene de aliança era o pacto de sangue, que era selado ou firmado com sangue sacrificial.
A aliança feita com Israel no Monto Sinai foi um pacto de sangue. Depois que Deus expôs as suas condições e o povo as aceitou, Moisés tomou uma bacia cheia de sangue sacrificial e aspergiu a metade sobre o altar do sacrifício, significando esse ato que Deus se havia comprometido a cumprir a sua parte do convênio; em seguida, ele aspergiu o resto do sangue sobre o povo, comprometendo-o, desse modo, a guardar também a sua parte do contrato (Êxo. 24:3-8).
A nova aliança firmada por Jesus é um pacto de sangue. Deus aceitou o sangue de Cristo (Heb. ?); portanto, comprometeu-se, por causa de Cristo, a perdoar e salvar a todos os que vierem a ele.
O sangue de Cristo é a divina garantia de que ele ser benévolo e misericordioso para aquele que se arrepende.
A nossa parte nesse contrato é crer na morte expiatória de Cristo. (Rom. 3:25,26.) Depois, então poderemos testificar que foram aspergidos com o sangue da nova aliança. (1 Ped. 1:2.)
(e) Responsabilidade.
Quem deve ser admitido ou excluído da Mesa do Senhor ? Paulo trata da questão dos que são dignos do sacramento em 1 Cor. 11:20-34.
"Portanto, qualquer que comer este pão, ou beber este cálice do Senhor indignamente, será culpado (uma ofensa ou pecado contra) do corpo e do sangue do Senhor."
Quer isso dizer que somente aqueles que são dignos podem chegar-se à Mesa do Senhor ? Então, todos nós estamos excluídos ! Pois quem dentre os filhos dos homens é digno da mínima das misericórdias de Deus ?
Não, o apóstolo não está falando acerca da indignidade das pessoas, mas da indignidade das ações. Sendo assim, por estranho que pareça, é possível a uma pessoa indigna participar dignamente. E em certo sentido, somente aqueles que sinceramente sentem a sua indignidade estão aptos para se aproximar da Mesa; os que se justificam a si mesmos nunca serão dignos. Outrossim, nota-se que as pessoas mais profundamente espirituais são as que mais sentem a sua indignidade. Paulo descreve-se a si mesmo como o "principal dos pecadores" (1 Tim. 1:15).
O apóstolo nos avisa contra os atos indignos e a atitude indigna ao participar desse sacramento. Como pode alguém participar indignamente ? Praticando alguma coisa que nos impeça de claramente apreciar o significado dos elementos, e de nos aproximarmos em atitude solene, meditativa e reverente. No caso dos coríntios o impedimento era sério, a saber, a embriaguez.
. A ADORAÇÃO DA IGREJA.
Das epístolas de Paulo inferimos que havia duas classes de reuniões para adoração: uma consistia em oração, louvor, e pregação; a outra era um culto de adoração, conhecido como a "Festa de Amor" ("ágape", em língua grega). O primeiro era culto público; o segundo era um culto particular ao qual eram admitidos somente os cristãos.
1. O culto público.
O culto público, segundo o historiador Robert Hastings Nichols, era "realizado pelo povo conforme o Espírito movesse as pessoas". Citamos um trecho dos escritos desse historiador :
Oravam a Deus e davam testemunhos e instruções espirituais. Cantavam os Salmos e também os hinos cristãos, os quais começaram a ser escritos no primeiro século. Eram lidas e explicadas as Escrituras do Antigo Testamento, e havia leitura ou recitação decorada dos relatos das palavras e dos atos de Jesus. Quando os apóstolos enviavam cartas às igrejas, a exemplo das Epístolas do Novo Testamento, essas também eram lidas. Esse singelo culto podia ser interrompido a qualquer momento pela manifestação do Espírito na forma de profecia, línguas e interpretações, ou por alguma iluminação inspirada sobre as Escrituras.
Essa característica da adoração primitiva é reconhecida por todos os estudantes sérios da história da igreja, não importando sua filiação denominacional ou escola de pensamento. Pela leitura de 1 Cor. 14:24, 25 sabemos que essa adoração inspirada pelo Espírito era um meio poderoso de atrair e evangelizar os não-convertidos.
2. O culto particular.
Lemos que os primeiros cristãos perseveraram no "partir do pão" (Atos 2:42). Descrevem essas palavras uma refeição comum ou a celebração da Ceia do Senhor ? Talvez ambas. É possível que houvesse acontecido o seguinte :
No princípio a comunhão dos discípulos entre si era tão unida e vital que tomavam suas refeições em comum. Ao sentarem-se à mesa para pedir a bênção de Deus sobre o alimento, vinha-lhes à lembrança a última Páscoa de Cristo, e assim essa bênção sobre o alimento espontaneamente se estendia em culto de adoração. Dessa forma, em muitos casos, é difícil dizer se os discípulos faziam uma refeição comum ou participavam da Comunhão. A vida e a adoração a Deus estavam intimamente relacionadas naqueles dias ! Porém muito cedo os dois atos, o partir do pão e a Ceia do Senhor, foram distinguidos, de forma que o segundo se tomou a ordem do culto :
Em determinado dia os cristãos reuniam-se para comer uma refeição sagrada de comunhão, conhecida como a Festa de Amor, a qual era uma refeição alegre e sagrada, simbolizando o amor fraternal. Todos traziam provisões e delas participavam todos em comum. Em 1 Cor. 11:21,22 Paulo censura o egoísmo daqueles que comiam seus alimentos sem distribuí-los entre os pobres. Ao terminar a Festa de Amor, celebrava-se a Ceia do Senhor. Na igreja de Corinto alguns se embriagavam durante o "ágape" e participavam do sacramento nessa condição indigna. Mais tarde, no primeiro século, a Ceia do Senhor foi separada do "ágape" e celebrada na manhã do Dia do Senhor.
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