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NEEMIAS E ESTER

Atualizado: 29 de abr. de 2020

NEEMIAS


Autor


Questões como estilo, abordagem, propósito comum e repetição de usos verbais apontam para um compilador que trabalhou sobre os livros de Crônicas, Esdras e Neemias, como se formassem uma só unidade. Várias fontes informativas podem ser percebidas; portanto, se Neemias foi o autor, então ele atuou quase sempre como mero compilador de materiais já existentes. Precisamos reunir em um único bloco os seguintes materiais :


- As memórias de Esdras (Esdras 7.27 - 9.15).

- As memórias de Neemias (Neemias 1.1 - 7.5; 11.27-43; 13.4-30).

- Os documentos em aramaico (sendo esse o idioma diplomático da época, Esdras 4.8-24).

- Varias listas com alguns outros nomes; Exilados, construtores, líderes, sacerdotes.


- Depois disso, temos a porção narrativa do próprio autor-compilador, procurando reunir todo esse material e unificar as diversas inserções feitas.


A tradição judaica piedosa atribui a obra inteira a Neemias, mas a maioria dos eruditos modernos pensa que algum compilador desconhecido se mostrou ativo. O próprio livro é anônimo, pelo que não há como chegar a conclusões indubitáveis sobre a questão da autoria.


Data


Pelo conteúdo do livro, sabe-se que a obra somente pode ter sido escrita algum tempo depois da volta de Neemias da Pérsia para Jerusalém. Talvez a sua redação final tenha sido completada antes da morte de Artaxerxes I em 424 a.C.; ao contrário, a morte de um monarca tão benigno provavelmente teria sido mencionada em Neemias.


Pano de Fundo


Desde o princípio Deus havia prometido abençoar o povo de Israel se ele obedecesse à sua orientação e amaldiçoá-lo se desobedecesse. Os períodos de cativeiro pelos Assírios (o reino do Norte caiu em 722 a.C.), pelos babilônicos (o reino do Sul caiu em 586 a.C.), e pelos Medo-persas (que conquistaram os babilônicos em 539 a.C.) foram épocas durante as quais Deus disciplinou seu povo por causa da sua desobediência. A destruição e o incêndio de Jerusalém e do templo de Salomão provocados por Nabucodonosor, em 586 a.C., foram uma verdadeira catástrofe, que ameaçou ainda mais a adoração a Javé. Contudo, a destruição do templo e sua restauração, setenta anos mais tarde, foram previstas pelo profeta Jeremias (Jr 25.11; 29.10) como garantia de que Deus iria preservar um remanescente fiel de seu povo.


Apesar de os assírios e babilônios terem deportado seus cativos para seus impérios, os Medo-persas repatriaram os exilados. Assim, em 536 a.C., Ciro deu ordens para começar a reconstrução do templo, e o primeiro de três grupos pós-exílicos regressou a Jerusalém liderado por Sesbazar e Zorobabel. O templo foi concluído em 516 a.C. O segundo grupo regressou em 458 a.C. com Esdras. Em 444 a.C., o rei Artaxerxes I expediu um decreto para que Neemias liderasse um terceiro grupo, a fim de iniciar a reconstrução do muro de Jerusalém.


Esse último decreto de Artaxerxes I foi de importância profética singular, pois marcou o começo das ―setenta semanas preditas por Daniel (Dn 9.24-27). Tendo em vista que o termo ―semana significa ―uma semana de anos‖ ou um período de sete anos, essa profecia admirável de Daniel marcou o tempo do decreto para reconstruir Jerusalém até a vinda do Messias como sendo de 69 semanas (ou 483 anos).

O Retorno do Exílio em suas três principais etapas :


Conteúdo


Neemias era o copeiro do rei Artaxerxes. Neemias recebe notícias do estado calamitoso da cidade e de Jerusalém. Esdras estava na cidade há 13 anos, o templo já tinha sido construído, mas os muros ainda estavam derrubados e a cidade encontrava-se desolada. O rei Artaxerxes não apenas permite a ida de Neemias para Jerusalém, como também o nomeia governador da cidade e lhe autoriza levar madeira para a reconstrução. Chegando à Jerusalém, faz uma vistoria para avaliar o estado das muralhas. Logo incentivou o povo a reconstruí-las e mesmo sob severa oposição externa (Sambalá e Tobias) e interna (cansaço e desânimo do povo), em 52 dias Neemias terminou a obra.


Terminada esta obra, ele trabalha na organização da cidade, nomeando vários funcionários para o bem público. Além disso, reorganiza princípios morais e espirituais. Todo o povo foi reunido diante da Palavra de Deus, ministrada por Esdras e a leitura e explicação dos textos produziram quebrantamento, arrependimento e conversão. Doze anos depois, Neemias retorna à Babilônia. Durante o tempo em que permaneceu lá Tobias, moabitas e amonitas introduzem-se no templo. Neemias retorna com o 4º grupo de judeus e expulsa Tobias do templo, bem como definitivamente reorganiza o culto no templo.


Conclusão


O livro de Neemias ilustra quanto pode fazer um leigo comprometido com uma vida de oração, com a Palavra de Deus e com uma obediência ativa. Neemias serve como lembrete de que os cristãos são necessários em posições de liderança não apenas dentro da igreja, mas também no governo civil. Os que tentarem moldar a sociedade dentro dos princípios das Escrituras certamente enfrentarão oposição como Neemias. A oração, a arma mais poderosa de Neemias, continua a ajudar os cristãos em sua luta para fazer a vontade de Deus, apesar da oposição que se lhes apresenta.


A exigência de Neemias para que os homens se divorciassem de esposas estrangeiras não é um apóio do divórcio nem do racismo, mas uma medida extrema numa situação desesperadora (cf. Ml 2.10-16; 2 Co 6.14—7.1). A sobrevivência dos judeus como povo consagrado ao Senhor exigia a exclusão momentânea dos gentios. A sobrevivência da igreja exige a inclusão de todos os que ouvem o evangelho e consagram sua vida a Cristo.

JERUSALÉM NO TEMPO DE NEEMIAS


O SEGUNDO TEMPLO


Em comparação com o Templo de Salomão, era uma miséria e, com o de Herodes, lastimável. Mas no tempo de Esdras e Neemias foi um fator unificador do povo restaurado do cativeiro babilônico. Em comparação com os outros templos, temos poucas informações. Esdras 6.3 dá as dimensões gerais.


O rei Ciro, no seu primeiro ano, baixou o seguinte decreto: com respeito à casa de Deus em Jerusalém, deve ela edificar-se para lugar em que se ofereçam sacrifícios; seus fundamentos serão firmes, a sua altura de sessenta côvados, e a sua largura de sessenta côvados, com três carreiras de grandes pedras e uma de madeira nova.


O Talmude nos informa que este Templo não tinha cinco coisas: a arca da aliança; o fogo sagrado; o Shekinah; o Espírito Santo; o Urim e Tumim. O Santo dos Santos estava vazio. No Lugar Santo existiam somente um candeeiro e uma mesa do pão de exposição.


ESTER


Autor


O livro de Ester recebe o nome de sua heroína. Porém, o autor do livro não pode ser identificado. Mas o livro foi escrito por um judeu que conhecia os costumes e a linguagem dos persas.


Data


O livro deve ter sido escrito pouco depois do término do reinado de Assuero, pois menciona a administração desse rei como algo passado (10.2-3). A data mais apropriada para esse livro seria pouco depois dos acontecimentos narrados i.e., c.460 a.C.


Pano de Fundo


A história de Ester desenrola-se durante o período Aquemênida da história bíblica (559-330 a.C.), na corte do rei persa Assuero, também conhecido como Xerxes, que governou a Pérsia de 486 a 465 a.C. Isso situa os acontecimentos da história pelo menos cinquenta anos depois do decreto de Ciro (538 a.C.), que anunciou que os judeus exilados poderiam voltar a Jerusalém cerca de vinte e cinco anos antes do regresso de Esdras a essa cidade.


Ester e Mordecai estavam vivendo na cidade real de Susã (heb. Shushan). Susã havia sido um importante centro político, cultural e religioso durante séculos. No tempo de Ester, a cidade era uma das capitais de um vasto império que se estendia de onde hoje é a Índia, a leste, até a Turquia e Etiópia, a oeste. As ruínas de Susã encontram-se no Irã, perto de sua fronteira com o Iraque.

VOCÊ SABIA ?

- Que Ester é o único livro do cânon sem o nome de Deus ?

Ester foi criada por seu primo Mardoqueu depois da morte dos seus pais.

- Ester era famosa por sua beleza, e por salvar o povo judeu do genocídio.


Conteúdo


A história do livro de Ester começa com um grande banquete organizado pelo rei Assuero (Xerxes). Nesta grande festa todos se embebedaram e o rei mandou chamar a bela rainha Vasti para alegrar a festa com a sua beleza. A rainha, porém, negou-se a tal atitude. Este fato humilhou o rei diante dos príncipes e autoridades presentes, pelo que ele a depôs. Realizou-se, então, um ―concurso de beleza‖ para escolher a mulher que iria substituir a rainha Vasti. Ester, uma judia, foi a escolhida e ela se tornou rainha do poderoso império persa. Neste tempo de coroação, seu primo Mordecai descobre uma conspiração contra o rei e levando isto ao conhecimento dele, muito sobe em seu conceito. Hamã, um agagita, foi escolhido por Assuero como vice-rei e ele ordenou que todo o povo, ao encontrar-se com ele, se prostrasse e o adorasse, o que Mordecai como judeu não fazia. Tal atitude despertou ódio de Hamã contra Mordecai e contra os judeus, tendo planejado destruí-los da face da terra. Hamã engana a Assuero e consegue que este decrete a morte de todos os judeus em seu reino. Era o fim aparente do povo judeu. Ester é convidada por Mordecai a conseguir diante do rei uma mudança em tudo isso, e ela corre o risco de, apresentando-se diante do rei sem ser chamada, sofrer pena semelhante à de Vasti. Ester arma uma boa estratégia para entregar o cruel Hamã nas mãos do rei Assuero (Et 5). Mordecai é honrado pelo rei que foi incomodado por Deus a fazê-lo e Hamã foi enforcado. Os judeus foram salvos pela providência de Deus.


Conclusão


Hoje, nossa experiência com Deus é mais parecida com a do livro de Ester do que com a de muitos livros do Antigo Testamento. Em Ester, Deus trabalha nos bastidores para realizar a libertação do seu povo. Deus não traz libertação por meio de pragas espetaculares ou por um milagre no mar como no êxodo. Deus trabalhou por meio de um homem velho e corajoso que se recusou a abandonar seus princípios e por intermédio de uma mulher corajosa que valorizou mais a vida do seu povo do que a sua própria vida.


O livro de Ester nos conduz a olhar para a vida das pessoas comprometidas com Deus, se quisermos saber o que ele está fazendo para levar libertação ao nosso mundo.


As perspectivas para Mordecai e os judeus parecem desanimadoras na maior parte de Ester. Hoje talvez sintamos que Deus nos abandonou ou que não seja vantajoso estar do lado do Senhor. Nos últimos capítulos de Ester, Deus inverte as circunstâncias. Precisamos levar a vida com uma ideia de como nossa história vai terminar. Haverá um dia em que todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é Senhor (Fp 2. 10-11). O que ocasionou jejum e oração aflita será esquecido na festa do céu (cf. Rm 8.18).


Como cristãos, nosso poder e influência devem ser usados para propósitos corretos e não para satisfação pessoal. O poder é uma dádiva de Deus para ser usada em benefício do seu povo e da sua criação. A cidadania cristã exige envolvimento nas questões civis. O anti-semitismo e outras formas de intolerância racial e religiosa podem levar facilmente a abusos de poder. Os cristãos de hoje, assim como Ester, devem ser corajosos e se opor a tais abusos.

PARA MAIS ESTUDO

- Por que o nome de Deus não é mencionado ?

- Quais são as evidências da historicidade do livro ?

- Qual é a relação apropriada entre religião e política ?

- Que ensina a história de Ester sobre maldade e sofrimento ?

- Qual é o propósito do jejum ?

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