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LIVROS POÉTICOS E DE SABEDORIA I - JÓ



INTRODUÇÃO AO LIVROS POÉTICOS E DE SABEDORIA

A Bíblia não é um manual de ensinos religiosos como o Catecismo de Westminster ou como os Trinta e Nove Artigos da Igreja Anglicana. Ela é a Palavra de Deus, que nos chega por intermédio das experiências do povo de Deus. Ela expressa todas as emoções da vida de fé e trata de muitas áreas da experiência humana que podem parecer seculares e não espirituais.

Em nenhum lugar isso é mais verdadeiro que na literatura poética e de sabedoria. Os salmos expressam todas as emoções que o fiel encontra na vida, sejam elas louvor ou amor a Deus, ira contra aqueles que praticam a violência e o dolo, lamento e perplexidade pessoal ou apreço pela verdade de Deus. Provérbios não só examina questões morais, como também ajuda-nos a lidar com as questões comuns da vida, como endividamento e relações de trabalho. Cântico dos Cânticos celebra a alegria do amor entre um homem e uma mulher. Jó e Eclesiastes fazem-nos encarar nossos problemas mais profundos e, com isso, levam-nos a uma fé mais genuína em Deus. Em suma, todos esses livros tratam da vida real.

Tradicionalmente, falamos de Salmos e de Cântico dos Cânticos como os livros de poesia bíblica, e de Jó, Provérbios e Eclesiastes como de sabedoria bíblica. Esses livros serão o centro desta divisão. Outros livros do Antigo Testamento, porém, apresentam muitas das características dos livros poéticos e de sabedoria. Lamentações é, em sua essência, uma coletânea de salmos de lamento. Salmos são também encontrados nos profetas (por exemplo: Jn 2; Hc 3). Rute, Ester e Daniel têm muito mais em comum com a literatura de sabedoria do que imagina a maioria dos leitores. Nos apócrifos, Eclesiástico e Sabedoria de Salomão imitam seus paralelos bíblicos. Mesmo o Novo Testamento possui alguns salmos e provérbios (Lc 1.46-55, 68-79; At 20.35; 1 Co 15.33).

Os cinco livros chamados Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos ainda nos fornecem os melhores exemplos de como ler hinos, cânticos, provérbios e reflexões da Bíblia. Isso, por sua vez, nos permite ver como a sabedoria e a poesia afetaram o restante da Bíblia.

A poesia e a sabedoria bíblicas são ao mesmo tempo literatura de alto nível, e Palavra de Deus. Elas nos intrigam e deliciam, mesmo quando nos censuram e instruem. Para o leitor que presta a devida atenção a esses cânticos e lições, eles serão diadema de graça para a cabeça e colares para o pescoço (Provérbios 1.9).

VOCÊ SABIA ?

- Que 1/3 do Antigo Testamento foi escrito em poesia ?

- Que apenas 5 livros do Antigo Testamento não contém poesia: Levítico, Rute, Esdras, Ageu e Malaquias

Autor


Embora a maior parte do livro consista nas palavras de Jó e de seus conselheiros, não sabemos ao certo quem escreveu o livro, as sugestões incluem o próprio Jó, Eliú, Moisés e Salomão. O autor desconhecido provavelmente tinha acesso às fontes orais e/ou escritas, com base nas quais, sob inspiração divina, compôs o livro que chegou até nós.


Data


Há duas datas em jogo:


1. A data do homem Jó e de seus antecedentes históricos (ou seja, período dos acontecimentos narrados no livro).

Jó viveu mais de 140 anos (42.16), um tempo de vida normal durante a era patriarcal; Na época de Jó, a economia era semelhante à do período patriarcal, em que a riqueza era medida em termos de cabeças de gado (1.3); Tal como Abraão, Isaque e Jacó, Jó agia como sacerdote de sua família (1.5);

A ausência de qualquer referência à nação de Israel e à lei mosaica sugere uma data pré-mosaica (antes de 1.500 a.C.).


2. A data do autor inspirado que compôs o livro.


Na era patriarcal, logo depois dos acontecimentos narrados no livro; Ao tempo de Salomão (950 a.C.); Na época do exílio ou depois. Assim como na autoria, também temos dificuldade em narrar uma data precisa, contudo, o relato detalhado dos discursos de Jó e seus amigos parece argumentar a favor de uma data de autoria bem próxima dos acontecimentos.


VOCÊ SABIA ?


- A poesia de Jó é reconhecida por muitos como a melhor do mundo.


- Jó foi o sacerdote de sua família, fazendo sacrifícios contínuos a Deus tanto por si mesmo como pelos demais.


- O nome do Deus dos patriarcas, ―SHADDAY‖ ocorre 31x neste livro, mas apenas 17x no restante do AT.


- Jó é citado em Ez 14.7, 20 e Tg 5.11 (PACIÊNCIA).


- Talvez seja uma das mais antigas obras literárias existentes!


Conteúdo


A própria Escritura atesta que Jó foi uma pessoa real. Ele é citado em Ez 14.14 e Tg 5.11. Jó era um gentio. Acredita-se que era descendente de Naor, irmão de Abraão. Conhecia Deus pelo nome de ―Shaddai - o Todo Poderoso. (Há 31 referências a Shaddai no Livro de Jó). Ele era um homem rico e levava um estilo de vida seminômade.


A história do livro de Jó começa com a apresentação de Jó como um homem íntegro e temente a Deus, próspero e feliz. Satanás aparece diante de Deus entre os Seus anjos e ele acusa Jó de ser interesseiro e mercenário, pois sendo rico e feliz não podia servir de exemplo de amor e temor a Deus. Deus permite a Satanás tirar-lhes os seus bens materiais e saúde, sem, contudo tirar-lhe a vida.


Neste momento surgem os três amigos de Jó (Elifaz, Zofar e Beldade), os quais possuem a virtude de não abandoná-lo na dor, de condoerem-se com ele, de chorarem com ele e, de uma forma ou outra tentar ajudá-lo. Mas estes três amigos foram maus conselheiros Porque eles criam que por serem ricos e saudáveis eram justos e que a doença e a pobreza eram sinais de impiedade castigada. Deus estaria sempre disposto a abençoar o homem com bens materiais, espirituais e de saúde, desde que o homem merecesse, não havendo outra forma de Deus revelar Sua graça. E eles transmitiram isto a Jó, concluindo que ele estava em pecado, portanto, merecedor de castigo.


Jó reage a esta teologia, e o livro é uma resposta certa a esta terrível ―teologia da prosperidade‖. Na sua resposta aos seus amigos, Jó reafirma a sua inocência, dizendo que a experiência prova que tanto o justo como o injusto sofrem, e ambos desfrutam momentos de prosperidade. Lamenta o seu estado deplorável e as suas tremendas perdas, expressando a sua tristeza em relação a eles por acusarem-no em lugar de trazer-lhe consolo.


Em meio a este debate surge o jovem Eliú, e é ele quem mais se aproxima da verdade, enaltecendo a perfeita justiça de Deus e o caráter educacional do sofrimento na vida do justo. O argumento de Eliú pode ser resumido desta maneira: Deus é maior do que qualquer ser humano, isso significa que nenhuma pessoa tenha o direito ou autoridade de exigir uma explicação dele. Argumenta que o ser humano não consegue entender algumas coisas que Deus faz. Ao mesmo tempo, Eliú sugere que Deus irá falar se ouvirmos. A sua ênfase está na atitude do sofredor, ou seja, uma atitude de humildade levará Deus a intervir. Essa é a essência da sua mensagem: em vez de aprender com o seu sofrimento, Jó demonstra a mesma atitude dos ímpios para com Deus, e esta é a razão pela qual ainda está sofrendo aflição.


O apelo de Eliú a Jó é :


- Ter fé verdadeira em Deus, em vez de ficar pedindo explicação.

- Mudar a sua atitude para uma atitude de humildade.

- Na conclusão do livro, Jó alcança os propósitos de Deus para a sua provação.


Conclusão


Qual a resposta para o desafio de Satanás ? Jó temia a Deus em vão ? A resposta impressionante é não. Jó não servia a Deus à toa. Ele aprendeu que o benefício real de sua piedade não eram a saúde, a riqueza e os filhos; era o próprio Deus.


E Jó agora sabia que podia confiar que Deus faria todas as coisas da maneira certa, mesmo que custasse tudo o que ele possuía. Mas ele ainda possuía a Deus.


Quando relemos a fala de Deus através do redemoinho, tiramos três conclusões a respeito do sofrimento de Jó :


1. Não aparece a intenção de revelar a Jó a causa dos seus sofrimentos. Deus não podia explicar alguns aspectos do sofrimento humano, no momento em que acontece, sem o risco de destruir o próprio objetivo que esse sofrimento é destinado a cumprir.


2. Deus se envolve com a realidade do ser humano: Jó e o seu sofrimento são suficientes para que Deus fale com ele.


3. O propósito de Deus também era o de levar Jó a abrir mão da sua justiça própria, da sua defesa própria e da sabedoria auto-suficiente, de forma que pudesse buscar esses valores em Deus.

ESTUDE MAIS :


Quais as lições que aprendemos sobre Satanás neste livro ?

Qual a ligação entre doença e pecado ?


Por que pressupomos que estamos sendo punidos por algum pecado sempre que nos surgem as adversidades ?


Qual a diferença entre servir a Deus por ele mesmo e servi-lo para livrar-se de problemas e dificuldades ?


Como Jó nos ajuda a ver essa diferença ?


Por que o livro dá tanto espaço ao debate entre Jó e seus amigos ?

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