BIBLIOLOGIA - POÉTICOS - ESTRUTURA E ENSAIO
- MINISTÉRIO RESGATE
- 22 de mar. de 2020
- 5 min de leitura
Atualizado: 22 de abr. de 2020

Introdução
São 5 livros: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão. São chamados poéticos, não porque sejam cheios de imaginação e fantasia, mas devido ao gênero do seu conteúdo. Alguns também os chamam de “Livros Devocionais”. No Antigo Testamento os livros dos Provérbios, Jó, Eclesiastes, Eclesiástico e Sabedoria são comumente conhecidos como livros sapienciais.
Escritos deste tipo encontram-se também em outras partes do Antigo Testamento, sob formas diversas, como fábulas, ditados populares e regras gerais de vida. De maneira geral, tratam da vida cotidiana, da boa conduta, das virtudes que se devem cultivar e dos vícios que se deve evitar. A maior parte dos conselhos é fruto do bom senso baseado na experiência. Mas alguns tratam de temas importantes. Os livros de Jó e Eclesiastes tratam de problemas muito sérios (como o sofrimento) e discutem-no a fundo. Entre os livros sapienciais incluem-se também os Salmos e o Cântico dos Cânticos.
O Livro De Jó
O padrão claramente desenvolvido do livro de Jó, prólogo, discursos e epílogo, além dos ciclos dentro dos próprios discursos, mostra que se trata de uma interpretação teológica sobre certos acontecimentos da vida de Jó. Do início ao fim, o autor tem a intenção de responder a uma pergunta básica: Qual é o significado da fé? Jó era um chefe de clãs (famílias) de notável piedade, integridade e sabedoria, foi abençoado por Deus com uma prosperidade terrena tal, que se tornara o maior e mais rico de todos no Oriente. Subitamente, porém Jó experimentou uma reversão completa da fortuna, foi vitimado por uma série de grandes calamidades, tendo sido privado de todas as suas possessões e dos seus filhos. Seu corpo foi tomado por uma enfermidade repulsiva, três amigos que vieram ostensivamente para consolar Jó, insistiam que o seu sofrimento tinha como causa o pecado. Mas Jó rejeita veementemente esta afirmação, reafirmando em todo tempo que ele era um homem justo, mas confessou que não tinha capacidade para explicar porque estava lhe sucedendo tudo aquilo. Finalmente Deus responde as repetidas solicitações de Jó, e lhe dá uma explicação direta sobre os seus sofrimentos, não por uma justificação de suas ações, nem por qualquer solução intermediária, mas sim pela vontade de Deus. E isso foi o suficiente para Jó, ele percebeu que Deus, sendo poderoso, misericordioso, justo e amoroso, não o deixaria sofrer mais. Esse livro serve de um propósito muito alto para as nossas vidas: mostrar que a certeza da fé não descansam nas circunstâncias exteriores, nem em explicações especulativas, mas na certeza da fé em Deus, onisciente e onipotente.
O Livro Dos Salmos
O título hebraico dos Salmos é Tehillim, que significa “louvores”; o título na Septuaginta (tradução do Antigo Testamento para o grego, feita em c. 200 a.C.) é Psalmoi, que significa “cânticos para serem acompanhados por instrumentos de cordas”. O título em português, “Salmos”, deriva da Septuaginta. A música desempenhava papel de importância no culto do antigo Israel (confronte Sl 149; 150; 1Cr 15.16-22); os salmos eram os hinos do povo de Israel. Bem diferente de boa parte da poesia e do cântico do mundo ocidental, compostos com rima ou metrificação, a poesia e o cântico do Antigo Testamento tem por base o paralelismo de pensamento, em que a segunda linha (ou linhas sucessivas) da estrofe praticamente faz uma reiteração (paralelismo sinônimo), ou apresenta um contraste (paralelismo antitético), ou, de modo progressivo, completa (paralelismo sintético) a primeira linha. Todas as três formas de paralelismo caracterizam o Saltério.
O salmo mais antigo conhecido vem de Moisés, no século XV a.C. (Sl 90); os mais recentes provêm dos séculos VI e V a.C. (por exemplo, Sl 137). A maioria dos salmos, no entanto, foi escrita no século X a.C., durante a era áurea da poesia em Israel. Os títulos descritivos que precedem a maioria dos salmos, embora não pertençam ao texto original, logo não inspirados, são muito antigos (anteriores à Septuaginta) e importantes.
O Livro De Provérbios
O Antigo Testamento hebraico era em regra dividido em três partes: a Lei, os Profetas e os Escritos (confronte Lc 24.44). Na terceira parte estavam os livros poéticos e sapienciais, a saber: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes etc. Semelhantemente, o Israel antigo tinha três categorias de ministros: os sacerdotes, os profetas e os sábios. Estes últimos eram especialmente dotados de sabedoria e conselho divinos a respeito de princípios e práticas da vida.
O livro de Provérbios representa a sabedoria inspirada dos sábios. A palavra hebraica mashal, traduzida por “provérbio”, tem os sentidos de “oráculo”, “parábola”, ou “máxima sábia”. Por isso, há declarações longas no livro de Provérbios (por exemplo, 1.20-33; 2.1-22; 5.1-14), mas há também as concisas, mas ricas de sentido e sabedoria, para se viver de modo prudente e justo. O conteúdo de Provérbios representa uma forma de ensino comum no Oriente Próximo antigo, mas no caso deste livro, sua sabedoria é diferente porque veio da parte de Deus, com seus padrões justos para o povo do seu concerto.
O ensino mediante provérbios era popular naqueles antigos tempos, em virtude da sua grande clareza e facilidade de memorização e transmissão de geração em geração. Assim como Davi é o manancial da tradição sal módica em Israel, Salomão é o manancial da tradição sapiencial em Israel (ver Pv 1.1; 10.1; 25.1). Conforme 1Rs 4.32, Salomão produziu 3.000 provérbios e 1.005 cânticos.
Outros autores mencionados por nome em Provérbios são Agora (Pv 30.1-33) e o rei Limou (Pv 31.1-9), ambos desconhecidos.
Autores outros estão subentendidos em Pv 22.17 e em Pv 24.23. A maioria dos provérbios teve origem no século X a.C., porém a provável data mais antiga para a conclusão deste livro seria o período de reinado de Ezequias (isto é c. 700 a.C.). A participação dos homens de Ezequias na compilação dos provérbios de Salomão (25.1- 29.27) talvez remonte a 715-686 a.C., durante o avivamento espiritual liderado por esse rei temente a Deus. É possível que os provérbios de Agora, de Limou e os outros “sábios” também tenham sido compilados nesse período
O Livro De Eclesiastes
O livro sintetiza a “sabedoria”, ou seja, observações, pensamentos e sentenças, de um “filósofo” que se oculta sob o pseudônimo de Coélet, “presidente da assembléia” (Eclesiastes em Grego). Tal gênero de escrito era popular nos países antigos do Oriente Médio. O autor examina a vida humana, julga-a breve e absurda, concluindo que ela não tem sentido. Não consegue entender para que serve. Contudo, termina recomendando a aplicação ao trabalho e o gozo do prazer enquanto a vida dura. Grande parte do livro parece deprimente e destrutiva, porque considera a “vida debaixo do sol” exclusivamente do ponto de vista humano. A vida sem Deus não tem objetivo nem sentido, mas a sabedoria e a justiça conferem pelo menos um pouco de nobreza à existência humana.
O Livro De Cantares De Salomão
É uma coleção de poesias amorosas, que cantam o amor de um homem e de uma mulher. Às vezes é chamado de cântico de Salomão, porque na Bíblia hebraica é atribuído a esse rei. As poesias, cujo cenário é o campo na primavera, exaltam com paixão e entusiasmo o amor e exprimem com franqueza o prazer da atração física.
Comments