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BIBLIOLOGIA - O CÂNON BÍBLICO



O Cânon Bíblico Do Antigo Testamento


A palavra "cânon" é de origem cristã e derivada do vocábulo grego "kanon" que por sua vez provavelmente veio emprestado do hebraico "kaneh", que significa “junco” ou “vara de medir”; (Ez 40.5) daí tomou o sentido de norma ou regra. Mais tarde veio a significar regra de fé e, finalmente, catálogo ou lista (Gl 6.16)


A palavra cânon, usada para designar a coleção dos livros que integram as Sagradas Escrituras, não aparece até o século IV, com Atanásio. Dão-se à palavra dois usos distintos, mas de certo modo relacionados: “Em primeiro lugar, ela é usada para indicar uma coleção daqueles livros aos quais se tenha aplicado determinada prova e que foram reconhecidos como autênticos e 'canônicos'. Logo, aplica-se o termo a toda a coleção de escritos, posto que ela constitui o cânon ou 'regra de fé' mediante a qual toda doutrina deve ser provada" (HAMMOND, 1978, p. 36)


O cânon do Antigo Testamento ainda não havia sido fixado no tempo do Novo Testamento, mas quando os judeus da Palestina, em fins do século I, fixaram o cânon de suas Escrituras, este incluía todos os livros que atualmente temos em nossas versões. O uso que se fez desses livros nos tempos do Novo Testamento permaneceu testemunhado em cada página deste último livro; e uma rápida olhada nas referências de nossas Bíblias nos dará uma idéia de quão profundo e sistemático foi esse uso. Mas essas Escrituras não eram suficientes "para o bem-estar da Igreja, para a pureza do evangelho e para a direção do crente; por isso, aprouve a Deus chamar à existência uma graphé cristã, o cânon do Novo Testamento que a Igreja acrescentou à graphé do Antigo Testamento" (RAMM, 1967, p. 177).


Divisões Do Antigo Testamento


O próprio Senhor Jesus Cristo deu seu apoio de legitimidade a todo o Antigo Testamento; fez citações de cada uma de suas divisões; porém, nunca citou qualquer outro livro, nem deu a entender que existam outros livros inspirados. Sabemos que existiam muitos outros livros escritos na língua hebraica, dos quais cerca de 15 ou mais são mencionados no Antigo Testamento mesmo (o livro dos Justos, em Js 10.13; 2Sm 1.18; o livro das Guerras do Senhor, em Nm 21.14).


Como foram escolhidos os 39 livros do meio de tantos outros? A verdadeira prova é sua inspiração. Se Deus falou pelo Espírito por intermédio de algum escritor humano, então o tal livro é inspirado e útil para os propósitos de Deus. Os livros que têm esse selo divino foram reconhecidos como divinos tanto pelo povo comum como pelos líderes e sacerdotes, e o tempo mostrou gradualmente que a seleção fora bem feita.


Tais livros foram escritos entre 2000 e 400 a.C. O livro de Jó, com muita probabilidade, data do tempo dos próprios patriarcas, e o livro de Malaquias foi escrito entre 425 a 400 a.C. Muitos outros escreveram depois de Malaquias, mas os judeus consideravam esses escritos tão somente como histórias humanas. Entre os judeus, o Antigo Testamento tem três divisões, as quais Jesus citou em Lc 24.44 – Leis, Profetas, Escritos -, algumas traduções trazem Salmos por ser o primeiro livro dos Escritos. O cânon hebraico apresenta unificação de alguns livros: 1,2 Samuel; os dois dos Reis; os dois Crônicas; Esdras e Neemias; os doze profetas menores são um livro cada.


A ordem dos livros no cânon hebraico é também diferente da nossa. Há uma tríplice divisão como já mencionamos (Lei, Profetas e Escritos). Lei: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Profetas: Primeiros Profetas - Josué, Juízes, Samuel e Reis; últimos Profetas - Isaías, Jeremias, os Doze. Escritos: Divididos em Livros Poéticos - Salmos, Provérbios e Jó; os Cinco Rolos - Cantares, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester. Livros Históricos: Daniel, Esdras, Neemias e Crônicas.


Os Cinco Rolos eram assim chamados porque eram rolos separados, lidos anualmente em festas distintas: Cantares, na Páscoa, em alusão ao Êxodo. Rute, no Pentecoste, na celebração da colheita, em seu início (Primícias). Ester, na festa do Purim, comemorando o livramento de Israel da mão do mau Hamã. Eclesiastes, na Festa dos Tabernáculos – festa de gratidão pela colheita. Lamentações, no mês de Abibe, relembrando a destruição de Jerusalém pelos babilônicos. No cânon hebraico os livros não estão em ordem cronológica. Os judeus não se preocupavam com um sistema cronológico.


Já a nossa divisão do Antigo Testamento em 39 livros vem da Septuaginta oriunda da Vulgata Latina. A Septuaginta foi à primeira tradução das Escrituras, feita do hebraico para o grego, cerca de 290 a.C. Nela a ordem dos livros está por assunto: Pentateuco, Históricos, Poéticos e Proféticos.


A Formação E Desenvolvimento Do Cânon Do Antigo Testamento


O Cânon do Antigo Testamento foi formado num espaço de um pouco mais de mil anos e corresponde o período de Moisés a Esdras. Moisés escreveu as primeiras palavras do Pentateuco por volta de 1491 a.C. Esdras entrou em cena em 445 a.C. Esdras não foi o último escritor na formação do cânon do Antigo Testamento. Os últimos escritores foram Neemias e Malaquias, no entanto, de acordo com os escritos históricos, foi Esdras que, na qualidade de escriba e sacerdote, reuniu os rolos canônicos, ficando também o cânon encerrado em seu tempo (GILBERTO, 1986, p. 52).


A doutrina da inspiração da Bíblia foi completamente desenvolvida apenas nas páginas do Novo Testamento. Mas, muito antes disso, já encontramos na história de Israel certos escritos reconhecidos como autoridade divina e como regra escrita de fé e conduta para o povo de Deus. Identificamos isso na resposta do povo, quando Moisés leu para eles o livro do concerto (Êx 24.7), ou quando o Livro da Lei, achado por Hilquias, foi lido primeiro para o rei e depois para a congregação (2Rs 22-23; 2Cr 34), ou ainda quando Esdras leu o Livro da Lei para o povo (Ne 8.9, 14-17; 10.28-39; 13.1-3). O Pentateuco é tratado com a mesma reverência em Josué 1.7, 8, 8.31 e 23.6-8; 1 Reis 2.3, 2 Reis 14.6 e 17.37, Oséias 8.12, Daniel 9.11,13, Esdras 3.2, 4, 1 Crônicas 16.40, 2 Crônicas 17.9, 23.18, 30.5,18, 31.3 e 35.26. Apresenta-se basicamente como obra de Moisés, um dos primeiros e certamente o maior profeta do Antigo Testamento (Nm 12.6-8; Dt 34.10-12). Deus comumente falava por Moisés de viva voz, como também fez mais tarde com os profetas, mas a atividade de Moisés como escritor também é mencionada muitas vezes (Êx 17.14; 24.4, 7; 34.27; Nm 33.2; Dt 28.58, 61; 29.20-27; 30.10; 31.9-13, 19, 22, 24-26).


A razão de Moisés e os profetas registrarem por escrito a mensagem de Deus, não se contentando apenas em entregá-Ia oralmente, era que às vezes a enviavam a ou-tros lugares (Jr 29.1; 36.1-8; 51.60, 61; 2Cr 21.12). Mas, na maioria das vezes, era para preservá-Ia para o futuro, como um memorial (Êx 17.14) ou uma testemunha (Dt 31.24- 26), a fim de que ficasse escrita para o tempo vindouro (Is 30.8). Portanto a forma permanente e durável da mensagem de Deus não era sua forma falada, mas sua forma escrita, e isso explica o surgimento do cânon do Antigo Testamento.


Vemos conforme o caso do livro do concerto, cuja alusão reporta-se a Êxodo 24.7, que foi possível um documento pequeno, como Êxodo 20-23, tornar-se canônico antes que toda a obra estivesse concluída. Deuteronômio também já era con-siderado canônico mesmo no tempo em que Moisés vivia (Dt 31.24-26), pois foi colocado ao lado da arca do concerto. Contudo, a parte final de Deuteronômio foi escrita depois da morte de Moisés. Notamos também numerosas referências ao Pentateuco (no todo ou em parte) como canônico, em outros livros do Antigo Testamento, que continuaram a ocorrer na literatura existente entre os dois Testamentos. Sem dúvida, a causa disto, deve-se à sua importância fundamental. Entretanto, outra possível razão para tantas referências ao Pentateuco, é o fato de ter sido a primeira seção do Antigo Testamento a ser escrita e reconhecida como canônica.


Ninguém duvida que, pela época de Esdras e Neemias (século V a.C.), o Pentateuco já estava completo, como também já era canônico, sendo há muito considerado como tal. Foi traduzido para o grego no século III a.C., tornando-se desse modo na primeira porção da Septuaginta. Desde meados do século II a.C., temos evidências que comprovam que todos os cinco livros, já eram atribuídos a Moisés.


O Desenvolvimento Da Segunda E Terceira Seções Do Cânon - Profetas E Escritos


O restante da Bíblia hebraica tem uma estrutura diferente em relação à Bíblia em português. Está dividida em duas seções: os Profetas e os Hagiógrafos (gr. escritos sagrados). Os Profetas abrangem oito livros: os livros históricos de Josué, Juízes, Samuel e Reis (encontram-se nesta divisão porque segundo uma antiga tradição foram escritos por alguns profetas), os livros proféticos de Jeremias, Ezequiel, Isaías e os Doze (os Profetas Menores). Os Hagiógrafos compreendem 11 livros: os livros líricos e sapienciais de Salmos, Jó, Provérbios, Eclesiastes, Cantares de Salomão e Lamentações de Jeremias, e os livros históricos de Daniel, Ester, Esdras-Neemias e Crônicas. Esta é a ordem tradicional, segundo a qual o remanescente livro hagiógrafo, Rute, vem antes de Salmos, visto que termina com a genealogia do salmista Davi. Na Idade Média, esse livro foi colocado em uma posição mais adiante, ao lado de outros quatro livros de brevidade similar (Cantares de Salomão, Eclesiastes, Lamentações de Jeremias e Ester). É digno de nota que na tradição judaica Samuel, Reis, os Profetas Menores, Esdras-Neemias e Crônicas sejam computados cada um como um único livro. Isso pode ser uma indicação da capacidade média de um rolo de pergaminho hebraico no período em que os livros canônicos foram pela primeira vez alistados e contados.


O agrupamento dos livros não é arbitrário, mas segue o padrão das características literárias. Metade do livro de Daniel compõe-se de narrativa, e nos Hagiógrafos (segundo a ordem tradicional) é colocado junto com as histórias. Visto que há histórias na Lei (cobrindo o período da criação até Moisés) e nos Profetas (abrangendo o período de Josué até o fim da monarquia), então por que também não poderia haver histórias nos Hagiógrafos, que tratam do terceiro período, da ida e volta do exílio babilônico? Crônicas é posto por último entre as histórias, como um sumário de toda a narrativa bíblica, de Adão até a volta do exílio. É evidente que quando Crônicas foi escrito, o cânon dos Profetas não estava completamente concluído, pois as fontes citadas ali não são de Samuel e Reis, mas provêm de histórias proféticas mais completas, as quais também parecem ter servido de fontes para Samuel e Reis. Os elementos mais antigos nos Profetas, incluídos em livros como Josué e Samuel, são certamente antiqüíssimos, como também são os elementos mais antigos nos Hagiógrafos, inseridos em livros como Salmos, Provérbios e Crônicas. Tais elementos podem ter sido reconhecidos como canônicos antes mesmo do complemento da primeira seção do cânon. Os últimos elementos dos Hagiógrafos, como Daniel, Ester e Esdras-Neemias, pertencem ao final da história do Antigo Testamento.


A Conclusão Da Segunda E Terceira Seções Do Cânon


A data em que os Profetas e os Hagiógrafos foram organizados em seções distintas foi provavelmente 165 a.C. A tradição de 2 Macabeus, fala sobre uma grande crise na história do cânon: Da mesma forma, também Judas [Macabeu] recolheu todos os livros que tinham sido dispersos por causa da guerra que nos foi feita, e eles estão em nossas mãos (2 Macabeus 2.14). A "guerra" mencionada aqui é a dos macabeus pela libertação do perseguidor sírio Antíoco Epifânio. A hostilidade de Antíoco contra as Escrituras está registrada em 1 Macabeus 1.56, 57, e é bem provável que, finda a perseguição, Judas tenha precisado reunir cópias delas. Judas sabia que fazia longo tempo que o dom profético havia cessado (1 Macabeus 9.27), assim é aceitável supor que, ao reunir as Escrituras que haviam sido dispersas, ele organizou e relacionou a coleção completa na ordem tradicional. Visto que os livros ainda se apresentavam em rolos separados, os quais tinham de ser "recolhidos", o que Judas produziu não foi um volume, mas uma coleção e uma lista de livros na coleção, dividida em três.


Ao preparar a lista, Judas provavelmente definiu não apenas a divisão estável entre Profetas e Escritos, mas também a ordem tradicional dos livros e o número tradicional de livros dentro de cada divisão. Uma lista de livros precisa ter uma ordem e um número. A ordem tradicional dos livros traz Crônicas como o último dos Hagiógrafos. Essa posição para Crônicas pode ser remontada ao século I d.C., visto estar refletida nos ditos de Jesus em Mateus 23.35 e Lucas 11.51, onde a frase "desde o sangue de Abel até ao sangue de Zacarias" provavelmente significa todos os profetas martirizados do início ao fim do cânon, de Gênesis 4.3-15 a 2 Crônicas 24.19-22.


Do Cânon Judaico Ao Cristão


No Novo Testamento, encontramos Jesus reconhecendo as Escrituras judaicas pelos seus diversos títulos conhecidos e aceitando as três seções do cânon judaico e a ordem tradicional de seus livros. Descobrimos também que para a maioria dos livros é individualmente imputada autoridade divina - mas não para qualquer um dos livros apócrifos. A única exceção evidente encontra-se em Judas 9 (que cita a obra apócrifa a Assunção de Moisés) e 14 (que cita o Livro de Enoque). As citações que Judas faz dessas obras não significa que cria serem elas divinamente inspiradas, assim como a citação de Paulo de diversos poetas gregos (vide At 17.28; 1Co 15.33; Tt 1.12) não atribui inspiração divina à poesia deles. O que evidentemente aconteceu nos primeiros séculos do Cristianismo foi isto: Jesus passou para seus seguidores, como Escrituras Sagradas, a Bíblia que Ele havia recebido, contendo os mesmos livros da Bíblia hebraica dos dias atuais. Os primeiros cristãos compartilharam com seus contemporâneos judeus um conhecimento completo da identidade dos livros canônicos. Entretanto, a Bíblia ainda não estava entre duas capas: era uma lista memorizada de rolos. A ruptura com a tradição oral judaica (em alguns casos, uma ruptura muito necessária), a alienação entre judeus e cristãos e a ignorância geral das línguas semíticas nas igrejas fora da Palestina e da Síria fizeram com que surgisse dúvida no que dizia respeito ao cânon entre os cristãos, o que foi acentuado pelo preparo de novas listas de livros bíblicos, organizadas de acordo com outros princípios, e pela introdução de novos lecionários. Essa dúvida acerca do cânon somente pode ser resolvida como na reforma por um retorno aos ensinamentos do Novo Testamento e ao pano de fundo judaico, sobre o qual tais ensinamentos devem ser compreendidos.


Data Do Reconhecimento E Fixação Do Cânon Do Antigo Testamento


Em 90 d.C. Em Jâmnia, perto da moderna Jope, em Israel, os rabinos, num concílio sob a presidência de Johanan Ben Zakai, reconheceram e fixaram o cânon do Antigo Testamento. Houve muitos debates acerca da aprovação de certos livros, especialmente dos "Escritos". Note-se, porém que o trabalho desse concílio foi apenas ratificar aquilo que já era aceito por todos os judeus através de séculos.


O Cânon Do Novo Testamento


Há consenso entre teólogos que o Novo Testamento foi escrito dentro de um período de cinqüenta anos, vários séculos depois que o Antigo Testamento foi completado. Em relação ao tempo, o Antigo Testamento está tão distante de nós que sua formação como corpo escriturístico poderia ser considerado longínquo demais para a atestação de seu conteúdo. Tal não é o caso. Em certo sentido, temos atestações muito maiores para o cânon do Antigo Testamento do que para o cânon do Novo Testamento. Referimo-nos ao fato do próprio imprimátur (do lat. imprimatur, 'imprima-se') de nosso Senhor Jesus Cristo, pela maneira como fez uso das Escrituras hebraicas como a Palavra autoritária de Deus.


Não obstante, há um sentido no qual Jesus Cristo realmente oficializou o conteúdo ou cânon do Novo Testamento: pela via da antecipação. Foi Ele quem nos fez essas promessas: o “Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito e ele vos guiará em toda a verdade” (Jo 14.26; 16.13).


A partir disto podemos inferir, ao mesmo tempo, o princípio básico da canonicidade para o Novo Testamento. É idêntico ao do Antigo Testamento, visto que se restringe à questão da inspiração divina. Quer pensemos nos profetas dos tempos do Antigo Testamento ou nos apóstolos e seus companheiros dados por Deus nos dias do Novo Testamento, o reconhecimento na própria época de seus escritos de que eram autênticos porta-vozes de Deus é o que determina a canonicidade intrínseca de seus registros. Podemos estar certos de que os livros em questão foram recebidos pela Igreja dos tempos apostólicos, precisamente no momento em que foram atestados por um apóstolo como sendo dessa maneira inspirados. A variação evidente relativa à área geográfica, no reconhecimento de algumas das epístolas do Novo Testamento, pode muito bem ser o reflexo do simples fato de que, em princípio, essa atestação era por sua própria natureza localizada. De maneira inversa, o fato de cada um dos 27 livros do Novo Testamento hoje universalmente aceitos ter recebido aprovação definitiva é prova de que a atestação apropriada era dada somente depois de rigorosa investigação.


Tertuliano, notável escritor cristão das primeiras duas décadas do século lll, foi um dos primeiros a chamar as Escrituras cristãs de "Novo Testamento". Esse título havia aparecido antes (c. 190) em uma composição feita contra o montanismo, de autor desconhecido. Esse fato é significativo. Seu uso colocou as Escrituras do Novo Testamento em um nível de inspiração e autoridade igual ao do Antigo Testamento.


O processo gradual que conduziu ao completo e formal reconhecimento público de um cânon estabelecido em 27 livros, formando o Novo Testamento, leva-nos ao século IV de nossa era. Isso não significa necessariamente que antes desse período estivesse faltando reconhecimento para a integridade destas Escrituras, mas que a necessidade de uma definição oficial do cânon não foi premente até então.


Em relação ao Antigo Testamento um período de tempo muito mais curto esteja envolvido nos escritos do Novo Testamento, o alcance geográfico de sua origem é muito mais amplo. Essa circunstância já é suficiente para justificar a falta de reconhecimento espontâneo ou simultâneo da extensão precisa do cânon do Novo Testamento. Por causa do isolamento geográfico dos vários destinatários das porções do Novo Testamento, houve espaço para algum atraso e incerteza de uma região para outra no reconhecimento de alguns dos livros.


O princípio que determina o reconhecimento da autoridade dos escritos canônicos do Novo Testamento foi estabelecido dentro do próprio conteúdo desses escritos. Há repetidas exortações para a leitura pública das mensagens apostólicas. No fim da Primeira Epístola aos Tessalonicenses, possivelmente o primeiro livro do Novo Testamento a ser escrito, Paulo diz: "Pelo Senhor vos conjuro que esta epístola seja lida a todos os santos irmãos" (1Ts 5.27). Três capítulos antes, na mesma epístola, Paulo os recomenda a aceitarem suas palavras faladas como "palavra de Deus" (1Ts 2.13) e, em 1 Coríntios 14.37, o apóstolo fala de modo semelhante acerca de seus "escritos" (COMFORT, 1998, p. 97).

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