BIBLIOLOGIA II - APÓCRIFOS, PSEUDOPÍGRAFOS E PERGAMINHOS (CONTINUAÇÃO)
- MINISTÉRIO RESGATE
- 24 de mar. de 2020
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Os Pseudopígrafos
São os livros escritos sob um nome fictício. Para outros são os escritos judaicos, extra bíblicos, não inspirados do Antigo Testamento. São considerados de valor no estudo do cânon, e alguns estudiosos os incluem no mesmo grupo dos apócrifos. Dentre os pseudopígrafos destacam-se:
O Livro de Enoque. A crítica textual não tem condições de localizá-lo exatamente em determinada época, mas deve pertencer ao período de 200 a.C. e as primeiras décadas do primeiro século da nossa era.
A Assunção de Moisés. Deve ter sido publicado no tempo de Cristo e procura narrar a história do mundo, em forma de profecia, desde Moisés até ao tempo do autor.
Os Oráculos Sibilinos. São obras judaicas que, à imitação das profecias pagãs de Sibila, pretendem divulgar o pensamento hebraico entre os gentios.
O Livro dos Jubileus. É um comentário sobre Gênesis, frisando que a Lei foi observada desde os mais remotos tempos. Recebe este nome pelo fato de dividir a história em períodos jubileus, isto é, quarenta e nove anos (sete semanas de anos).
O livro dos Segredos de Enoque (2 Enoque). Descreve pormenorizadamente os sete céus e antecipa em mil anos o reinado de Deus na terra.
O Apocalipse de Baruque. Alguns o atribuem ao escriba de Jeremias. Foi escrito, segundo os críticos, nas últimas décadas do primeiro século da nossa era.
O Apocalipse de Abraão. É uma obra judaica com passos de literatura do cristianismo. Pertence ao século I da nossa era.
Os Salmos de Salomão. Coletânea de dezoito salmos, escrita por um fariseu, que viveu na segunda metade do primeiro século da era cristã. O estilo é bastante semelhante ao dos Salmos que temos na Bíblia.
A Carta de Aristéias. É interessante por informar-nos das supostas circunstâncias em que foi feita a tradução do Velho Testamento hebraico para o grego.
Macabeus, 3 e 4. No III encontramos uma tentativa de massacre dos judeus no reinado de Ptolomeu Filopator. O 4 é um tratado filosófico ilustrando a tese do autor no caso dos mártires macabeus. Embora haja referências a estes livros na Bíblia (2Tm 3.8; Jd 9 e 14) não necessitamos aceitá-los como canônicos.
A literatura pseudopígrafa foi produzida entre 200 a.C., e 200 a.D. com o objetivo de encorajar e consolar a nação judaica durante as invasões dos sírios e romanos.
Os Rolos Do Mar Morto
No verão de 1947, tiveram início na Palestina, por obra de casual descoberta de um jovem beduíno, chamado Moâmede ad-Dib, encontros arqueológicos de excepcional importância: os chamados manuscritos do Deserto da Judéia, do Mar Morto ou ainda Manuscritos de Qunran. Ele tinha perdido uma cabra, por isso subiu penosamente a encosta, chamando pelo animal que continuava a elevar-se, a procura de alimento. Nesta sua busca ele deparou com uma cavidade, atirou para dentro dela uma pedra, apurando o ouvido para escutar a queda, a fim de determinar a sua profundidade. Qual não foi a sua surpresa, quando em vez do esperado ruído, seu ouvido percebeu um típico som de louça. Com esforço conseguiu olhar para dentro, notando com surpresa a existência de vários objetos cilíndricos, de grande tamanho. Amedrontado pela superstição, o moço fugiu rapidamente daquele sítio, e, à noite, comentou com um amigo a inusitada descoberta da caverna. No dia seguinte os dois se dirigem à gruta, e ao entrarem nela, encontram sete rolos. Levaram alguns para a tenda e ao desenrolarem ficaram surpresos com a sua extensão e por não entenderem nada do que neles estava escrito.
Os beduínos, indo regularmente a Belém para vender leite e queijo, certo dia, levaram também os pergaminhos, vendendo-os a um cristão sírio, dono de um armazém, conhecida pelo nome de Kando, que também por ignorar totalmente o valor deste achado, abandonou-os no chão da loja por vários dias, sendo estes pisados pelos que nela entravam. Certo dia, atentando melhor para aqueles pergaminhos, ocorreu-lhe a idéia de levá-los a Jerusalém para os vender no Convento Sírio de São Marcos. O superior do convento procura pessoas entendidas que estudassem os manuscritos, a fim de que ele pudesse ter uma idéia de seu real valor, assim sendo, um dos pergaminhos foi enviado ao Professor E. L. Sukenik, da Universidade Hebraica. Sukenik analisando-o, em profundidade, concluiu que o documento apresentava grande valor pelo seu conteúdo e considerável antiguidade.
A caverna na qual foram encontrados os manuscritos fica na região desolada e quente do Deserto de Judá dos dias bíblicos, cerca de doze quilômetros ao sul de Jericó, na altura do Uadi Qunran.
Os sete rolos retirados desta gruta eram bem diferentes, pois dois eram manuscritos do livro de Isaías, um completo e outro incompleto, um manual de Disciplina da Seita, uma coleção de Salmos e Ações de Graça, uma ordem de batalha para uma guerra apocalíptica entre os Filhos da Luz e os Filhos das Trevas, um Comentário ao livro de Habacuque. Todo este material foi publicado por Sukenik e pelos americanos. Além dos manuscritos já citados ainda foram encontrados documentos os mais diversos conto contratos de casamento, cartas do líder judeu Bar Cocheba, um hinário de mais ou menos quarenta salmos, cópias dos apócrifos de Eclesiástico e Tobias, além de trechos de pseudepígrafos como o de Enoque.
A gruta em que aqueles pastores entraram, e que marcou o início de uma fase histórica da arqueologia, recebeu o n.º 1. Não longe dela, encontrou-se, em fins de 1951, a gruta a que se deu o n.º 2. Continha fragmentos dos Salmos, os livros de Isaías, do Êxodo, de Rute, um documento litúrgico e o livro apócrifo dos Jubileus, que é uma paráfrase do Gênesis, selecionados pelos fariseus. Descobriu-se, depois, a gruta n.º 3, onde se encontraram 2 rolos de chapas de cobre, com textos gravados.
A gruta que deu colheita mais rica foi a de n.º 4. Continha 380 manuscritos, dos quais mais ou menos uma centena são de ordem bíblica. Seguiram-se as de n.º 5 e 6, que deram manuscritos de pouca importância bíblica e histórica. Em fins de 1955, revistaram-se as grutas que receberam os nos 7, 8, 9 e 10, todas contendo ora pergaminhos, ora papiros, tudo de pouca importância. Logo após, nos últimos dias de 1955, encontram-se outras duas séries de grutas, uma à margem do Uadi Murabaat, e outra à margem do Uadi Mird, sempre nos arredores do Mar Morto.
Os dois rolos de chapa de cobre mediam mais ou menos 2 metros de comprimento e uns 30 centímetros de largura. Durante 3 anos estudos foram feitos para que os rolos fossem abertos sem se estragar a escrita. Foi preparada uma máquina especial pelo Departamento de Tecnologia de Manchester, Inglaterra, para cortar o rolo, trabalho este levado a efeito no dia 16 de janeiro de 1956. Estes rolos podem ser vistos no Museu de Amã. Na escrita de um deles estava a relação de uns 60 esconderijos, nos quais, se encontrariam depósitos de ouro, prata ou caixas de incenso.
Três sociedades científicas: Departamento Arqueológico da Jordânia, Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém (Santo Estêvão) e o Museu Arqueológico Palestinense têm inventariado as riquezas destas grutas. Os fragmentos de manuscritos descobertos nas onze cavernas de Qunran são cerca de 600 e um quarto destes fragmentos contém textos bíblicos; com exceção do livro de Ester, todos os livros do Velho Testamento se acham ali representados. Os mais numerosos são dos livros de Isaías, de Deuteronômio e dos Salmos.
Quem Guardou Estes Manuscritos
Uma pergunta que vem à mente de todos é esta: quem foram as pessoas que moravam nesta região e copiaram os manuscritos encontrados nas grutas? Segundo a opinião dos eruditos seus habitantes pertenciam à seita judaica dos essênios, os quais ocuparam esta região entre 185 a.C. e 68 a.D.
Havia entre os judeus no tempo de Cristo as seguintes seitas: Os fariseus – legalistas e separados, observadores de tradições antigas, eram muito religiosos; os saduceus – conhecidos por sua oposição aos fariseus e por negarem a ressurreição. Eram incrédulos e livres pensadores; os essênios – muitas etimologias têm sido apresentadas para explicar a origem deste nome. The Interpreter's Dictionary of the Bible, cita pelo menos dez entre palavras gregas e hebraicas, salientando que os eruditos não têm nenhuma uniformidade em seus pontos de vista. Os essênios eram pessoas que estavam decepcionadas com a corrupção reinante em seus dias, por isso abandonaram a sociedade e se refugiaram em mosteiros para se dedicarem a uma vida de oração e ao estudo da palavra de Deus.
Origem Da Comunidade Essênica De Khirbet Qumran
Para o mosteiro de Khirbet Qumran podemos indicar diversos períodos de construção, como atestam as escavações realizadas entre 1951 e 1956. A primeira construção monástica, edificada em pedra, data do tempo do sumo sacerdote João Hircano (134-104 a.C.), da dinastia macabeu - asmonéia. Antes dessa época, os hassideus (essênios) tiveram que contentar-se com abrigos encontrados ao acaso. Uma figura característica que se encontra sempre de novo nos textos de Qumran é o anônimo 'mestre de nossa justiça', a quem a comunidade de Qumran deve a sua clara diferenciação dos outros grupos religiosos, antes de mais nada do culto e da hierarquia de Jerusalém, e que de várias maneiras, deu também impulso às normas de vida de Qumran.
Antes da primeira revolta judaica, por causa do avanço da décima legião sob o comando de Vespasiano, os manuscritos da biblioteca do mosteiro foram colocados a salvo (por volta do ano 68 d.C.). O próprio mosteiro foi destruído pelos romanos.
Durante a segunda revolta judaica (132-135), o lugar das ruínas e arredores constituíram um ponto de apoio para os combatentes da resistência judaica que se encontraram em torno de Bar Kokba, Com efeito, numa gruta ao sul de Qumran, foram encontrados, além de apetrechos sacrificais, vestes e moedas, também manuscritos da época entre 88 e 135 d.C., entre os quais uma carta de Bar Kokba."
Valor Dos Rolos Do Mar Morto
Embora o valor desta descoberta ainda não possa ser avaliado em toda a sua plenitude, há certos fatos já conhecidos que são os seguintes: Estes manuscritos são pelo menos 1000 anos mais velhos do que o mais antigo manuscrito hebraico que possuímos – O Códice Petropolitano escrito em 912 a.D; os manuscritos de Qumran são mais antigos do que os mais velhos fragmentos da Septuaginta existentes, quanto à história da evolução da escrita, fornecendo, portanto precioso material à Paleografia. Estes manuscritos foram copiados entre os séculos III a.C. e o primeiro século a.D.; antes desta descoberta pouco se sabia a respeito do judaísmo pré-cristão. Através do Manual de Disciplina conhecemos hoje muito dos seus costumes e maneira de viver; estes manuscritos vieram desfazer afirmações infundadas, concernentes ao trabalho dos copistas pré-massoréticos e ainda de que a Bíblia Hebraica de hoje fora organizada e emendada pelos massoretas.
Os estudantes da Bíblia não puseram tanto em dúvida as mudanças no texto quando foram acrescentadas as vogais e a pontuação para formar o texto Massorético, séculos depois de Cristo, pois sabiam que os copistas depois daquele tempo, preservaram com cuidado extremo cada jota e til do texto. Alguns críticos opinavam que os mais antigos copistas por não serem tão escrupulosos trataram o texto com mais liberdade, portanto havia diferenças consideráveis em nossa Bíblia.
Quando o texto hebraico de hoje foi comparado com os manuscritos de Qumran verificou-se surpreendente identidade de conteúdo. Os rolos do Mar Morto comprovam a validade do texto hebraico, tão cuidadosamente transmitido através dos séculos. O descobrimento destes rolos e de outros manuscritos mostrou a fragilidade dos argumentos da Alta Crítica, comprovando que o trabalho dos copistas e tradutores por dois mil anos não mudou a Palavra de Deus. Eles comprovaram que a maioria das variações de um manuscrito para outro são simplesmente questões de letras, palavras ou frases que não modificam suficientemente o sentido para influenciar alguma doutrina importante.
Fragmentos De Papiros Em Qumran
Numa das cavernas de Qumran foram encontrados muitos fragmentos de papiros e entre estes, o papirólogo espanhol, José O'Callaghn descobriu um trecho do Evangelho de São Marcos – correspondente aos versículos 52 e 53, do capítulo 6. Após este encontro, em março de 1972, o erudito espanhol, recorrendo a métodos técnicos, conclui que se trata de um manuscrito do ano 50 a.D. A história nos confirma que o General Vespasiano, no ano 68 a.D, tomou posse do mosteiro essênio de Qumran, ocasião em que seus habitantes esconderam os rolos nas cavernas, pensando em regressar mais tarde para recuperá-los.
Conclusões
Todo o cuidado e todos os avanços feitos pela ciência têm sido utilizados, quer na determinação das datas deste valioso material, quer na sua leitura e conservação. Assim foi descoberto um método com base na ciência atômica, para determinar a idade do material orgânico. Foi usando esse método, com o isótopo, "Carbono 14", que o Instituto Nuclear da Universidade de Chicago pode confirmar com precisão a opinião dos arqueólogos, segundo a qual o pano que envolvia os rolos, descobertos em 1947, datava do I século da era cristã. No Museu de Jerusalém, onde se encontra boa parte do material descoberto, documentos, à primeira vista ilegíveis, são decifrados graças à fotografia infravermelha que traz à luz, letras que normalmente não podem ser distinguidas pelos olhos humanos. Inegavelmente, esta foi a descoberta arqueológica mais sensacional dos últimos tempos, porque veio provar a autenticidade da Bíblia e a sua maravilhosa conservação através dos séculos.
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