BIBLIOLOGIA II - APÓCRIFOS, PSEUDOPÍGRAFOS E PERGAMINHOS
- MINISTÉRIO RESGATE
- 24 de mar. de 2020
- 8 min de leitura

Escritos Apócrifos
Nas Bíblias de edição da Igreja Católica Romana, o total de livros é de 73, porque essa igreja, desde o Concílio de Trento, em 1546, incluiu no cânon do Antigo Testamento 7 livros apócrifos, além de 4 acréscimos ou apêndices a livros canô-nicos, acrescentando, assim, ao todo, 11 escritos apócrifos.
A palavra apócrifo significa literalmente, escondido, oculto, isto em referência a livros que tratavam de coisas secretas, misteriosas, ocultas. No sentido religioso, o termo significa "não genuíno", "espúrio", desde sua aplicação por Jerônimo. Os apócrifos foram escritos entre Malaquias e Mateus, ou seja, entre o Antigo e o Novo Testa-mento, numa época em que cessara por completo a revelação divina; isto basta para tirar-Ihes qualquer pretensão de canonicidade. O Historiador Flávio Josefo rejeitou-os totalmente. Nunca foram reconhecidos pelos judeus como parte do cânon hebraico. Jamais foram citados por Jesus nem foram reconhecidos pela igreja primitiva.
Jerônimo, Agostinho, Atanásio, Júlio Africano e outros homens de valor dos primitivos cristãos, opuseram-se a eles na qualidade de livros inspirados. Apareceram pela primeira vez na Septuaginta - tradução do Antigo Testamento feita do hebraico para o grego. Quando a Bíblia foi traduzida para o latim, em 170 d.C., seu Antigo Testamento foi traduzido do grego da Septuaginta e não do hebraico.
Quando Jerônimo traduziu a Vulgata, no início do Século V (405 d.C.), incluiu os apócrifos oriundos da Septuaginta, através da Antiga Versão Latina, de 170 d.C., porque isso lhe foi ordenado, mas recomendou que esses livros não poderiam servir como base doutrinária.
Livros Apócrifos Do Antigo Testamento
Os 7 livros apócrifos constantes das Bíblias de edição católico-romana são: TOBIAS (Após o livro canônico de Esdras), JUDITE (após o livro de Tobias) SABEDORIA DE SALOMÃO (após o livro canônico de Cantares), ECLESIÁSTICO (após o livro de Sabedoria), BARUQUE (após o livro canônico de Jeremias), 1 MACABEUS, 2 MACABEUS (ambos, após o livro canônico de Malaquias). Os 4 acréscimos ou apêndices são: ESTER (a Ester, 10.4 -16.24), CÂNTICO DOS TRÊS SANTOS FILHOS (a Daniel, 3.24-90), HISTÓRIA DE SUZANA (Daniel, cap. 13), BEL E O DRAGÃO (a Daniel, capo 14). Os livros rejeitados são: 3 ESDRAS, 4 ESDRAS, A ORAÇÃO DE MANASSÉS. A Igreja Católica Romana aprovou os apócrifos em 18 de abril de 1546, para combater o movimento da Reforma Protestante, então recente. Nessa época, os protestantes combatiam violentamente as novas doutrinas romanistas: a doutrina do Purgatório, a doutrina da oração pelos mortos, a doutrina da salvação mediante obras etc. A Igreja Católica Romana via nos apócrifos base para essas doutrinas, e, apelou para eles, aprovando-os como canônicos.
Razões Da Rejeição Dos Livros Apócrifos
A razão porque 66 livros da Bíblia se harmonizam entre si é que a mesma mente divina inspirou a cada escritor. Se, por exemplo, João tivesse escrito algo que não concordasse com as obras de Moisés, seríamos obrigados a rejeitar seu Evangelho, as Epístolas e o livro do Apocalipse. Os primeiros livros constituem o critério para todos os outros chamados inspirados. Se as doutrinas dos livros apócrifos não concordam em cada ocasião com aquilo que Moisés escreveu, não devem achar-se no Cânon da Palavra Inspirada. Os livros apócrifos ensinam doutrinas que são contrárias ao que Moisés e outros profetas escreveram. Por essa razão não foram colocados entre os outros livros do Velho Testamento, nos dias de Esdras. Nem Cristo nem os apóstolos citaram os livros apócrifos. S. Jerônimo os rejeitou da Bíblia Latina, por não estarem escritos em hebraico.
Ensino Da Arte Mágica
Tobias 6.5-8. "Então, o anjo lhe disse: toma as entranhas deste peixe e guarde para ti seu coração, o fel e seu fígado. Pois são necessários para medicinas úteis [...] Logo, Tobias perguntou ao anjo e lhe disse: Eu te rogo, irmão Azarias, para quais remédios são boas essas coisas, que tu pediste separar do peixe. E o anjo, respondendo, lhe disse: Se puseres um pedacinho do seu coração sobre as brasas, seu fumo há de espantar toda a espécie de demônios, seja de um homem ou de uma mulher, de modo que não possam mais voltar a eles."
Dar Esmolas Purifica Do Pecado
Tobias 12.8,9. "A oração é boa como o jejum e esmolas; é melhor do que guardar tesouros de ouro, pois, esmolas livram da morte, e é o mesmo que espia os pecados e conduz à misericórdia e vida eterna". Se ofertas caridosas pudessem expiar os nossos pecados, não teríamos necessidade do sangue de Jesus Cristo.
Pecados Perdoados Pela Oração
Eclesiástico 3.4. "Quem amar a Deus, receberá perdão de Seus pecados pela oração". Os pecados não se perdoam pela oração. Se fosse assim, não teríamos necessidade de Jesus. Todos os povos pagãos fazem orações, mas os pecados não se perdoam somente pela oração. Pv 28.1; 1 Jo 1.9. Só Cristo, nosso Advogado, pode perdoar o pecado.
Orações Pelos Mortos
2 Macabeus 12.42-46, "E, fazendo uma arrecadação, mandou doze mil dracmas de prata a Jerusalém para ser oferecido um sacrifício pelos pecados dos mortos, e fez bem em pensar religiosamente na ressurreição, (pois, se não tivesse esperança que os que haviam sido mortos ressuscitassem novamente, haveria de ser supérfluo e em vão orar pelos mortos). E considerava que, os que haviam adormecido no temor de Deus, alcançaram para si muita graça." A Igreja Católica afirma que estes versículos lhe autorizam a doutrina do purgatório. Orações e missas pelos mortos são aceitas e o devoto católico crê nelas. Excede a imaginação a quantidade de dinheiro que aflui todos os anos aos cofres da igreja pelas missas em favor dos mortos.
O Ensino Do Purgatório
Sabedoria 3.1-4. "Mas, as almas dos justos estão na mão de Deus; e o tormento da morte não as tocará. Aos olhos dos ignorantes pareciam eles morrer e sua partida foi considerada desgraça. E, sua separação de nós, por uma extrema perda. Mas, eles estão em paz. E, embora aos olhos dos homens sofram tormentos, sua esperança está plenamente na imortalidade." A Igreja Católica baseia a sua crença da doutrina do purgatório nestes versículos citados: "Embora aos olhos dos homens sofram tormentos, sua esperança está plenamente na imortalidade". "Os tormentos" nos quais se acham os "justos", diz a Igreja, referem-se ao fogo do purgatório, onde os pecados estão sendo expiados. "Sua esperança está plenamente na imortalidade", pois a igreja interpreta isso, declarando que após suficiente tempo de sofrimento no meio do fogo, poderão passar para o céu. 1Jo 1.7. Esse ensino aniquila completamente a expiação de Cristo. Se o pecado pudesse ser extinto pelo fogo, não teríamos necessidade do nosso Salvador.
O Anjo Relata Uma Falsidade
Tobias 5.15-19. "O anjo disse-lhe (a Tobias): Guiá-lo-ei para lá (o filho de Tobias) e o farei voltar a ti. E Tobias lhe disse (ao anjo): Eu te rogo, dize-me, de que família ou de que tribo és tu? E Rafael, o anjo, respondeu: [...] Eu sou Azarias, o filho do grande Ananias. Respondeu-lhe Tobias: Tu és de uma grande família". Se um anjo de Deus mentisse acerca de sua identidade, tornar-se-ia culpado de violação do nono mandamento. Lc 1.19. Confrontando esta declaração com o que está registrado no livro de Tobias, compreenderemos logo porque Cristo nunca Se referiu aos livros apócrifos.
Uma Mulher Jejuando Toda Sua Vida
Judith 8.5,6. "E ela fez para si um aposento separado no andar superior de sua casa no qual vivia com suas servas. Seu vestido era de cabelo de crina e ela jejuava todos os dias de sua vida, com exceção dos sábados, das luas novas e demais festas da casa de Israel." Esta passagem é parecida a outras lendas católicas romanas, com respeito a seus santos canonizados. Uma mulher dificilmente jejuaria toda sua vida, com exceção de um dia da semana e algumas outras ocasiões durante o ano. Cristo jejuou quarenta dias, porém não toda a Sua vida.
A igreja católica apega-se a estes livros não inspirados porque eles sancionam alguns de seus falsos ensinos, como: oração pelos mortos, salvação pelas obras, a doutrina do purgatório, dar esmolas para libertar as pessoas do pecado e da morte.
Apócrifos Do Novo Testamento
Trata-se de Evangelhos, Atos de Apóstolos e Epístolas, todos lendários e espúrios, que começaram a aparecer no século II. Foram forjados, na maior parte, e assim 11 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância reconhecidos desde o princípio. São tão cheios de histórias ridículas e indignas a respeito de Cristo e dos apóstolos, que nunca foram reconhecidos como divinos, nem incorporados à Bíblia. São tentativas deliberadas de preencher lacunas na história de Jesus, como é apresentada no Novo Testamento, com o fim de estimular idéias heróicas através de falsas afirmações. Sabe-se que houve uns 50 "Evangelhos" espúrios, além de muitos "Atos" e "Epístolas". A grande quantidade desses escritos forjados fez a Igreja Primitiva ver quanto era importante distinguir entre os falsos e os verdadeiros. Dizem que Maomé tirou largamente desses livros as idéias que tinha acerca do cristianismo. Neles está a origem de alguns dogmas da Igreja Romana. Não devem ser confundidos com os escritos dos “Pais Apostólicos". Vai, aqui, uma lista de alguns dos livros apócrifos mais conhecidos :
Evangelho de Nicodemos. Inclui os "Atos de Pilatos", pretenso relatório oficial do julgamento de Jesus ao imperador Tibério. Foi produzido entre os séculos II e V. Puramente imaginário.
Proto Evangelho de Tiago. Narrativa que vai do nascimento de Maria ao massacre dos inocentes. Contos que começaram a circular no século II. Foi completado século
O Passamento de Maria. Repleto de milagres ridículos culmina com a remoção do "seu corpo imaculado e precioso" ao Paraíso. Escrito no século IV, com o aparecimento do culto à Virgem.
Evangelho Segundo os Hebreus. Adições aos Evangelhos canônicos, com algumas frases atribuídas a Jesus. Meados de 100 d.C.
Evangelho dos Ebionitas. Compilado dos Ev. Sinópticos, no interesse da doutrina ebionita.
Evangelho dos Egípcios. Conversas imaginárias entre Jesus e Salomé. Entre 130 e 150 d.C. Usados pelos sabelianos.
Evangelho de Pedro. Meados do Século II. Buscado em Evangelhos canônicos. Escrito no interesse de doutrinas docetistas e anti-judaicas.
Evangelho de um Pseudo-Mateus. Século V. Falsa tradução de Mateus, repleta de milagres da infância de Jesus.
Evangelho de Tomé. Século II. Vida de Jesus, dos 1 aos 12 anos. Apresenta-o operando milagres para satisfação de seus caprichos infantis.
Natividade de Maria. Obra de ficção Século VI, premeditada, para fomentar o culto à Virgem. Histórias de visitas diárias de anjos a Maria. Com o surto do papado, tornou-se imensamente popular.
Evangelho Arábico da Infância. Século VII. História de Milagres operados durante a estada no Egito.
Evangelho do Carpinteiro José. Século IV. Originou-se no Egito. Dedicado à glorificação de José.
Apocalipse de Pedro. Pretensas visões do céu e do inferno concedidas a Pedro. Eusébio chamou-o "espúrio".
Atos de Paulo. Meados do Século II. Romance que aconselha a continência. Contém a suposta Epístola aos Coríntios que se perdeu.
Atos de Pedro. Fim do século II. Um caso de amor com a filha de Pedro. Conflito com Simão, o Mago. Contém a história do "Quo Vadis".
Atos de João. Fim do século II. História de uma visita à Roma. Puramente imaginária. Contém um quadro revoltante de sensualismo.
Atos de André. História de André, que persuade Maximila a evitar relações com o marido, o que resultou no martírio dele.
Atos de Tomé. Fim do século II. Como os Atos de André, foi criado com interesse da abstinência de relações sexuais.
Carta de Pedro a Tiago. Fim do século II. Ataca violentamente Paulo. Pura invenção no interesse dos ebionitas.
Epístola de Laodicéia. Diz ser a que é referida em Colossenses 4.16. Um aglomerado de frases de Paulo
Cartas de Paulo á Sêneca. E outras deste àquele. Invenção século IV. Objetivo: ou recomendar o cristianismo aos seguidores de Sêneca, ou recomendar este aos cristãos. A principal característica destes escritos é o fato de serem obras de ficção, que se apresentam como história, mas em sua maior parte são absurdos por tal forma que a falsidade deles evidencia-se por si mesma.
Cartas de Abgar. Estas podem ter alguma base, Eusébio assim pensava. Conta que Abgar, rei de Edessa, estando enfermo, ouviu falar do poder de Jesus. Escreveu-lhe uma carta pedindo que fosse curá-lo, ao que Jesus respondeu por escrito: “... é necessário completar aquilo para o que fui enviado; depois disso serei recebido em cima, por aquele que Me enviou. Quando, pois, Eu for recebido no céu, enviarei um dos Meus discípulos que te curará". Contam que foi Tadeu o enviado, a quem mostraram as Cartas a que ficaram arquivadas em Edessa. Possivelmente, Jesus mandou um recado verbal, que eles registraram.
Comments