MISSÃO URBANA - OBSTÁCULOS AO CRESCIMENTO DAS IGREJAS URBANAS
- MINISTÉRIO RESGATE
- 4 de mar. de 2020
- 9 min de leitura

Nós concordamos que a evangelização é um imperativo de Cristo para a sua igreja, contudo, não são poucas às vezes que nos sentimos impotentes, desanimados e vencidos diante de tamanha responsabilidade. De fato, mesmo cônscios de nosso dever, da assistência divina e dos frutos, ainda assim, não deixamos de reconhecer as barreiras que se levantam e nos intimidam ou amedrontam quando pensamos em evangelizar.
Precisamos reconhecer barreiras reais e contrapô-las com os recursos dispostos por Deus ao nosso alcance. Se muitas forem as barreiras, suficiente e superior será o auxílio divino para transpô-las, nos concedendo vitórias e nos fazendo efetivos instrumentos de proclamação das Boas Novas da Salvação em Jesus Cristo.
1. Diabo.
Satanás, com seus anjos maus, procura impedir o crescimento da igreja em qualquer lugar. John T. Mueller exemplifica as artimanhas destes inimigos da igreja de Cristo :
a) continuamente procuram destruí-la por investidas em geral (Mt 16.18);
b) tentam impedir que os ouvintes recebam a Palavra de Deus (Lc 8.12);
c) disseminam doutrina errônea (Mt 13.35; 1 Tm 4. 1s); e
d) incitam perseguições ao reino de Cristo (Ap 12.7 [...] No intuito de arruinar a igreja, o diabo causa transtornos também ao estado político (!Cr 21.1; 1 Rs 22.21-22), e ao estado doméstico (1 Tm 4.1-3; 1 Co 7.5; Jó 1.11-19).
2. A Relativização de absolutos :
Vivemos dias em que os absolutos são descartados. A verdade tornou-se subjetiva e pessoal, cada um tem sua própria verdade. A liberdade individual e a felicidade pessoal são o alvo buscado e a justificativa de qualquer meio para se alcançar este fim. A nossa cultura perdeu a perspectiva de que existe uma lei moral transcendental que se aplica a todos e que rege o próprio equilíbrio das partes. Diz o insensato no seu coração: não há Deus. Corrompem-se e praticam abominação; já não há quem faça o bem. (Salmo 14.1)
“O Cristianismo é a única história que faz o nosso mundo ter sentido, que age como guia moral, que nos enche com uma esperança confiante dos nossos futuros individuais e o futuro da nossa raça e o deste mundo”, entretanto, a História Cristã perdeu seu significado para o homem moderno.
Entrementes, a relativização de absolutos, ou seja, você decide o que é verdadeiro segundo suas próprias concepções, tem rodeado e até mesmo invadido a igreja. Muitas das nossas convicções e fundamentos sobre os quais lançávamos princípios de vida estão abalados e sob suspeição. As incertezas sobre o teor da mensagem do Evangelho nos fazem recuar. Será que de fato cremos numa verdade ? Ela poderá mudar derrubar os muros da incredulidade ? Já não nos sentimos tão seguros quanto ao conteúdo de nossa pregação. Como combater a incerteza com incertezas ?
“Devemos ter certeza de que nossa fé é de fato a verdade”. Para tanto, o conhecimento e estudo da Palavra de Deus é a fonte que nos prepara para que possamos estar “sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós”. (1 Pedro 3.15b), assim, “...procurai, com diligência, cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição...”
(2 Pedro 1:10a).
3. Ausência de credibilidade da Igreja :
Boa parte da população está decepcionada com erros diversos em igrejas como a exploração financeira, escândalos de líderes religiosos, o legalismo de certas igrejas que impõem aos seus adeptos leis humanas muito rígidas, tirando-lhes a alegria de viver.: Outra barreira que enfrentamos na evangelização urbana é o discurso da incoerência. A igreja tem desassociado a pregação do testemunho. A ética cristã tem se tornado extremamente maleável, adequando-se às circunstâncias. Os escândalos estão nos deixam constrangidos – porém, não envergonhados ou arrependidos – a nós já não pertence mais o “corar de vergonha” (Daniel 9.7b)
O evangelho está desacreditado porque perdemos o crédito de nosso comportamento perante a sociedade. É certo que não somos perfeitos e ao olharmos para o passado, veremos manchas na História que até hoje são evocadas e simplesmente nos enchemos de desculpas. Devemos assumir os erros que se registraram nos anais da história, atitudes humanas desprovidas de aprovação divina. Mas, ao mesmo tempo em que devemos assumir nossos erros passados, devemos, também, tomar atitudes no presente para coroar o futuro, viver como luz do mundo e sal da terra, a fim de que os homens vejam nossas boas obras e glorifiquem a Deus (Mateus 5.13-16).
4. A perda da linguagem comum :
A comunicação é uma importante conexão entre as pessoas e para que ela se efetive o transmissor da mensagem deve se fazer entender pelo seu receptor, ou seja, minhas palavras devem estar adequadas à linguagem do ouvinte. Como costumamos dizer: “agora, estamos falando a mesma língua” - referência ao fato de terem se entendido. Isto, porém, tem se perdido nos dias atuais. “Mais e mais pessoas são biblicamente analfabetas” – incluindo o meio evangélico. Devemos ter a sensibilidade para fazer-nos entender na pregação, na proclamação de uma mensagem universal que é “para todos as nações, tribos, povos e línguas” em qualquer tempo ou lugar.
Devemos nos questionar sobre tais barreiras, reconhece-las tão somente não é suficiente, é preciso preparar-se para enfrenta-las, e temos recursos para isto, como afirma o apóstolo Paulo: “porque as armas de nossa milícia não são carnais e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas; anulando nós, sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo”. (2 Coríntios 10.4,5). Sendo, pois, praticantes da Palavra e não somente ouvintes (Tiago 1.22) o nosso testemunho falará mais alto que nossas palavras e esta é uma linguagem que todos compreendem, vida coerente.
5. Reação de Condenação :
Quando nos sentimos acuados reagimos condenando a todos. A parábola do fariseu e do publicano (Lucas 18.9-14) ilustra o cuidado que devemos ter em relação a nos julgarmos melhores do que outros. Se do “lado de fora” sentimos o cheirinho de enxofre nos “pecadores” e agradecemos a Deus por não sermos como eles, um perigoso sinal nos alerta contra a vaidade e arrogância espirituais. Não devemos julgar nossos inimigos, antes, amá-los. Se fosse possível tirar uma fotografia da realidade espiritual da alma humana e guardássemos a nossa, antes da conversão, veríamos que somos tal qual aqueles que desprezamos ou condenamos.
É neste tipo de arrogância que criamos uma sub-cultura cristã (mera presunção) que finalmente vai mudar as coisas, pensamos nós. Nos propomos a preencher os espaços políticos, culturais, sociais para subjugar o “ímpio”, mas para isso vale tudo que estiver ao nosso alcance, seja ético ou não, seja lícito ou não, seja honesto ou verdadeiro ou não. Nos tornamos maiores tiranos do que aqueles que foram “demonizados” por nós.
Devemos, como Cristãos, exercer nossa cidadania e contribuir ativa e conscientemente nossos direitos e deveres como cidadãos. Mas, também como Cristãos, devemos ter a percepção de que pertencemos uma “nacionalidade” que nos exige que vivamos segundo suas prerrogativas, como cidadãos do céu e neste exercício de cidadania a palavra amor e misericórdia estão entre os primeiros deveres.
6. Isolamento :
Uma falsa ideia se opõe a uma evangelização ativa: “não pertencemos ao mundo devemos, simplesmente, nos isolar”. Somos a geração dos condomínios fechados, do shopping center, das grades de segurança, do espaço privado distante e protegido do espaço público. Reagimos, então, da mesma maneira, nos isolando em nossas casamatas (abrigos subterrâneos usados principalmente nas guerras) e criamos um novo conceito de “mosteiro social gospel” com uma placa na entrada: “proibida a entrada de estranhos”.
Não devemos amar ao mundo, é certo, disse o apóstolo João, mas, também somos o sal da terra. Imaginemos se podemos temperar um feijão colocando o saleiro em frente à panela. Devemos por o sal no feijão e suas propriedades suscitarão o efeito desejado. Podemos criar espaços com certas peculiaridades, mas não nos escondermos em guetos evangélicos.
7. Separação :
Uma outra barreira sutil e perigosa é a de nos separarmos das pessoas “de lá de fora” e restringir nosso círculo social aos “irmãos”. A senha poderia ser (e às vezes é), “a paz do Senhor” em caso de resposta satisfatória, então é bem vindo ao nosso meio, de outra forma, “as más conversações corrompem os bons costumes” (1 Coríntios 15.33 – interpretado fora do contexto). Olhemos para aquele que foi acusado de ser amigo de publicanos e pecadores (Lucas 7.34), que tocou em leprosos, que perdoou prostitutas, que se aproximou dos excluídos.
Já tentou conversar com alguém que não te olha nos olhos ? Que estranha sensação. Como podemos pregar o evangelho que tem características tão evidentes de amor, misericórdia, perdão, reconciliação, adoção, aceitação ? Seria muito difícil uma família adotar uma criança órfã sem permiti-la entrar em sua casa. Nós fomos adotados e recebidos na presença do Pai, que não faz acepção de pessoas (por isso nos aceitou), como poderemos testemunhar disto praticando o oposto da mensagem ?
8. Paganismo :
O paganismo está de volta á essa geração pós-moderna. As seitas e religiões espiritualistas ganham novos adeptos e seus conceitos não são questionados se verdadeiros ou sensatos, basta que faça a pessoa se sentir espiritual e se lhe é sensata e moral. Interessante notar aqueles que chamam cristãos de fanáticos e incultos, e no ápice de sua própria arrogância veneram e acreditam em superstições, pirâmides, objetos, fetiches, gnomos e duendes. São, na verdade, pessoas carentes de uma espiritualidade verdadeira e de um amor profundo, coisas que só encontrarão no Evangelho que a nós foi confiada a proclamação.
9. A insegurança urbana :
Como já vimos, a violência tem aumentado nas cidades. Estatísticas revelam que em São Paulo no ano de 2001, os sequestros envolvendo pessoas de qualquer camada social aumentaram 600%. Assaltos nas ruas, arrombamento de residências e tráfico de drogas têm levado as pessoas a se trancarem em suas casas e duvidarem de todos.
Pelo poder da Palavra e do Espírito Santo, as pessoas são convertidas e integradas nas congregações. Porém, muitas vezes terão dificuldades para participarem de programações à noite, por falta de segurança.
10. Ativismo :
O ativismo é outra barreira sutil e perigosa. Nos envolvemos em tantas atividades na igreja e ocupamos de maneira tal nosso tempo, que não nos sobra momentos de sociabilidade (muito importante no evangelismo pessoal). Falta-nos tempo para a família, parentes, vizinhos, etc. Algumas vezes, fazemos disso uma desculpa para “fugir” de determinadas atribuições. Mas, em meio à tantas “atividades inadiáveis”, somos exortados a buscar em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça (6.33).
11. Medo de testemunhar :
Este medo pode se manifestar, por causa de algumas destas razões :
a) Temor de ser rejeitado - ao falar de Cristo, você se expõe, define sua posição, mostra em que valores você crê. Obviamente, a possibilidade de rejeição existe, e é muito maior do que a possibilidade de ser respeitado em suas convicções cristãs.
b) Temor de ser um fracasso - às vezes, não temos vergonha de testemunhar abertamente, mas tememos receber um "NÃO", ao tentarmos evangelizar alguém. Ou então, fracassarmos por não comunicarmos com clareza o plano da salvação.
c) Temor de se contaminar com os incrédulos - muitas pessoas, quando se converteram, foram erradamente instruídas a não cultivarem amizades com incrédulos. O desejo de santificação é muito positivo, mas algumas pessoas tem partido para radicalismos e exageros.
O crente ser sal e luz, dentro da comunidade doente (Mt 5:13-16). Devemos ter muito cuidado com o conceito de sermos separados do mundo (Jo. 17:11, 14,15). O crente deve conhecer os problemas do seu tempo, para manter conversas inteligentes. Saiba dialogar sobre outros assuntos, além da Bíblia. Paulo, em Ef. 4:17 diz: "não andeis como andam os gentios". Mesmo andando entre os incrédulos, não devemos viver como eles, mas podemos viver entre eles.
12. Não saber como comunicar o evangelho :
Muitas pessoas nunca prepararam seu testemunho escrito. Outras pessoas, nunca estudaram nenhum plano bíblico para evangelização. Pode ocorrer também a falta de capacidade, de como iniciar uma conversa, que viabilize a pregação do Evangelho.
13. Falta de confiança :
Outra barreira é a falta de confiança. De certa forma, ela tem um aspecto positivo, pois nos ensina a humildade e a dependência de Deus. Outro aspecto, porém, precisa ser retirado de nossos pensamentos. Tal obra não é resultante de mero esforço humano, conseqüentemente, Aquele que nos comissionou, também nos capacitará.
O apóstolo Paulo reconheceu-se fraco diante de tal missão. Escrevendo aos colossenses diz :
Suplicai, ao mesmo tempo, também por nós, para que Deus nos abra porta à palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual também estou algemado; para que eu o manifeste, como devo fazer. Cl. 4:3,4
Se esta oração partiu dos lábios deste intrépido evangelista, não necessitaríamos também orar de maneira semelhante? Conhecer nossos temores e fraquezas é o ponto de partida para todo crescimento, porque esse conhecimento nos leva a orar por nós mesmos e requer de nós reconhecer, perante os outros, que não somos de maneira alguma adequados para as tarefas para as quais Deus nos chamou.
A oração humilde tem que ser nosso ponto de partida. Deus é compreensivo e gracioso e certamente suprirá nossas limitações, nos dispondo a ajuda necessária para “dissipar nosso medo e nos dar ousadia de coração e palavra”.
Quando vos levarem às sinagogas e perante os governadores e as autoridades, não vos preocupeis quanto ao modo por que respondereis, nem quanto às coisas que tiverdes de falar. Porque o Espírito vos ensinará, naquela mesma hora, as cousas que deveis dizer. (Lucas 12.11,12)
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