MISSÃO URBANA - INTRODUÇÃO
- MINISTÉRIO RESGATE
- 3 de mar. de 2020
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“A vida não me é mais preciosa que o laço sagrado que a liga ao bem estar público de nossa cidade” Calvino
Não há como negar que a cidade se apresenta como a próxima fronteira missionária , nos desafiando a entender a conjuntura sócio-cultural para que o trabalho missionário seja verdadeiramente salutar e produza frutos. É fato que no mundo inteiro as cidades estão enfrentando uma explosão demográfica. As cidades do hemisfério norte se apresentam mais urbana do que dos países do sul. 94% da população do Canadá e dos Estados Unidos já vivem na cidade, bem como 82% dos Europeus e 80% de todos os Russos. No entanto, apenas 36% de todos os Asiáticos e 45% de todos os Africanos morarão em cidades. Na América latina temos 73% de seus habitantes morando em cidades.
A migração de mais de um bilhão de pessoas para as cidades nas últimas duas décadas representa o maior movimento populacional da história. As cidades representam o grande desafio para as missões cristãs devido ao seu tamanho, sua influência e suas necessidades. Naturalmente elas são centros de poder político, de atividade econômica, de comunicação, de pesquisa científica, de instrução acadêmica e de influência moral e religiosa. O que acontece nas cidades acaba por afetar uma nação inteira e o mundo caminha na direção que as cidades seguem.
Os resultados de um crescimento de abrangência mundial tão rápido são evidentes em toda parte. Nas ruas de Nova Iorque vivem cinqüenta mil pessoas desabrigadas. Outras 27.000 vivem em abrigos temporários e estima-se que 100.000 famílias recebem abrigo em apartamentos de amigos e parentes. Em Bombaim, Índia, 1.000,000 de pessoas vivem em uma favela construída sobre um gigantesco depósito de lixo. Em Detroit, 72% dos adultos em idade de empregarem-se não encontram trabalho e provavelmente nunca o encontrarão. Esta é a cidade que Deus ama e pela qual Cristo morreu. Esta é a cidade onde está a igreja de Cristo e este é o lugar onde ela é chamada para ministrar.
No Brasil, como em muitos países, 80% das pessoas vivem nas cidades, ao contrário do que havia há poucas décadas, quando a maior parte vivia nas áreas rurais. Este é um grande desafio para as igrejas. As cidades têm grandes e graves problemas, próprios do crescimento urbano desordenado a que são submetidas, tais como concentração excessiva de pessoas, desigualdades
sociais, problemas de habitação, favelas, falta de saneamento, de saúde, etc. No que tange à evangelização, as cidades oferecem facilidades e dificuldades, como veremos adiante. As igrejas precisam ter estratégias de trabalho para alcançar as cidades. Há diferenças, entre evangelizar numa Metrópole e num lugar interiorano. Em nosso curso de missiologia urbana procuraremos refletir sobre este importante aspecto de nosso ministério pastoral.
I. DEFINIÇÕES :
1.1. Definição de cidade :
Não existe um padrão mundial que defina uma cidade. Esta definição pode variar de país para país :
Na Dinamarca bastam 250 habitantes para uma comunidade urbana ser considerada uma cidade, e na Islândia, apenas 300 habitantes. Na França, um mínimo de 2 mil habitantes é necessário, e na Espanha, 10 mil habitantes. Organizações e empresas também podem possuir seus próprios critérios de "cidade". No Brasil, popularmente qualquer comunidade urbana com uma sede de município pode ser considerada uma cidade, independentemente de seu número de habitantes
Não obstante esta complexidade para definir a cidade, muitos pensadores e historiadores a definiram, e achamos oportuno apenas citar algumas :
No dicionário Michaelis (2002), cidade é definida como o centro urbano, sede de município, um aglomerado permanente, relativamente grande e denso, de indivíduos socialmente heterogêneos.
[Do lat. civitate.] Complexo demográfico formado, social e economicamente, por uma importante concentração populacional não agrícola, ie, dedicada a atividades de caráter mercantil, industrial, financeiro e cultural; urbe: "Cidade é a expressão palpável da necessidade humana de contato, comunicação, organização e troca, -- numa determinada circunstância físico-social e num contexto histórico"
Uma cidade é uma área urbanizada, que se diferencia de vilas e outras entidades urbanas através de vários critérios, os quais incluem população, densidade populacional ou estatuto legal. A população de uma cidade varia entre as poucas centenas de habitantes até a dezena de milhão de habitantes. As cidades são as áreas mais densamente povoadas do mundo
Cidades são concentrações de pessoas vivendo muito próximas e interagindo umas com as outras sob alguma forma de incorporação municipal e governamental
Conceito de Missiologia urbana
Missiologia urbana é a disciplina ou ciência que pesquisa, registra e aplica dados relacionados com a origem bíblica, a história, os princípios e técnicas antropológicas e a base teológica da missão cristã na cidade.
A NECESSIDADE DE UMA MISSIOLOGIA URBANA
O fenômeno da urbanização requer uma missiologia urbana.
Urbanização é o processo pelo qual, em uma região particular, a porcentagem de pessoas vivendo em cidades tem um aumento relativo a população rural, com consequências na vida humana. Onde há rápida urbanização, há um declínio relativo na população rural.
Os problemas relacionados com a missão da Igreja na cidade exigem uma missiologia urbana. As necessidades do homem urbano tornam imperativo o estudo de uma teologia e uma práxis de evangelização compatíveis com os princípios e modelos bíblicos. Isto é, faz-se mister o estudo de missiologia urbana.
OBJETIVOS DO ESTUDO DE MISSIOLOGIA URBANA
1. Tomar consciência da realidade das cidades e seus desafios.
2. Considerar os fatos bíblicos e os princípios neles presentes, relacionados com missões urbanas.
3. Apreciar os métodos de missões urbanas, hoje adotados, com base nos princípios e modelos bíblicos.
4. Ensaiar a elaboração de um projeto de Missões urbanas, visando a evangelização das cidades.
O FENÔMENO DA URBANIZAÇÃO
O mundo passou por uma revolução profunda em termos demográficos nos dois últimos séculos, cujas mudanças populacionais acontecidas no campo e na cidade, alteraram completamente o quadro. O Dr. David Barret em sua obra World Christian Encyclopedia apresenta os dados estatísticos abaixo relacionados :
Ano.................................................................................% População Urbana
1800 A.D........................................................................3%
1900 A.D.........................................................................15%
1950 A.D.........................................................................21%
1978 A.D.........................................................................40%
2000 A.D.........................................................................70-87%
O século XX começou com 15% da população mundial vivendo nas cidades e terminou com 15% vivendo fora das cidades.
Dentro de dezenove anos, o mundo sofrera uma mudança drástica. Pela primeira vez, desde que a história começou a ser registrada, a maior parte da população mundial viverá nas cidades principalmente nas cidades da Ásia, África, e América Latina. Essas cidades terão tamanho assustador e serão flageladas pelo desemprego,pela superpopulação e doença. Nelas os serviços tais como energia, água, saúde pública ou coleta de lixo, atingirão limites críticos.
Esta é uma lista das maiores cidades do mundo, por população (estimada para 2006) : Fonte: Almanaque Abril 2005
Rank Cidade População 2005 País Continente
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1 Tóquio 35,0 Japão Ásia
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2 Cidade do México 18,7 México América do norte
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3 Nova York 18,3 Estados Unidos América do Norte
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4 São Paulo 17,9 Brasil América do Sul
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5 Mumbai 17,4 Índia Ásia
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6 Délhi 14,1 Índia Ásia
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7 Calcutá 13,8 Índia Ásia
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8 Buenos Aires 13,0 Argentina América do Sul
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4.1. Cinco Fatores determinantes da urbanização
1. A industrialização: O processo de Industrialização provocou o crescimento das cidades, surgindo as cidades consideradas Megacidades.
2. O próprio crescimento natural da população (ver gráfico abaixo)
3. Desejo de melhores condições de vida: Estudo para os filhos, busca de melhores salários, busca de assistência médica,etc.
4. Atração dos grandes centros: A penetração da imagem das Tvs que iludem com expectativa de vida melhor nas cidades.
5. Mecanização da agricultura, trazendo a instabilidade Agrícola e o desemprego na zona rural.
Brasil – Taxas de natalidade e mortalidade
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Períodos Natalidade % Mortalidade % Cresc. Vegetativo %
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1872-1890 46,5 30,2 1,63
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1891-1900 46,0 27,8 1,82
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1901-1920 45,0 26,4 1,86
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1921-1940 44,0 25,3 1,87
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1941-1950 43,5 19,7 2,38
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1951-1960 44,0 15,0 2,90
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1961-1970 37,7 9,4 2,83
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1971-1980 34,0 8,0 2,60
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1980-1991 26,9 8,0 1,89
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1991-1996 21,8 8,0 1,38
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Fonte: IBGE - Contagem da População
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