LIDERANÇA - Como Dirigir Um Grupo De Pessoas - A Necessidade Da Direção - Que É Um Líder ?
- MINISTÉRIO RESGATE
- 30 de mar. de 2020
- 6 min de leitura

Muitos ainda pensam que basta ter o título de Diretor, de Chefe, ou de Mestre para que isto dê um prestígio tal, que todo o grupo vai obedecer, automaticamente, à pessoa que dirige, simplesmente por ter sido investida de “autoridade”.
Para se ter realmente autoridade, é necessário, para pessoa que dirige, não ter somente uma série de qualidades, mas ainda ter aprendido o ofício da direção. Muitas pessoas levam dezenas de anos para tomar consciência de que certas atitudes não as levam ao êxito na direção, enquanto que outras conseguem dirigir bem quando estão perto de sua aposentadoria. Ora, é justamente isto que queremos evitar ao leitor. Não será melhor aproveitar os erros dos outros do que esperar ser velho para saber dirigir, assimilando logo na mocidade os princípios elementares que presidem a boa direção? São estes conhecimentos que iremos abordar agora.
A Necessidade Da Direção
É fato observável por todos que qualquer grupo social precisa ser dirigido por pessoa que o guie para atingir os objetivos comuns ou satisfazer os interesses dos seus membros. A procura de um líder por grupo recém-formado é quase ato reflexivo, o qual tem raízes muito profundas. Desde os tempos mais remotos da tribo primitiva, os homens tiveram chefes; além disto, desde o nascimento, a criança está acostumada a obedecer aos pais e aos professores, até acabar os estudos, efetuando-se uma simples transferência da autoridade pedagógica à autoridade de grupo; as pessoas, na sua grande maioria, estão, aliás, tão acostumadas a ser dirigidas, que se sentem desajustadas quando têm de tomar decisão, apesar de se considerarem independentes, por serem adultas; elas são apenas pseudo-autônomas; as pessoas que têm autonomia real são, relativamente, poucas; e são mais freqüentes entre os dirigentes que entre os dirigidos.
A procura de maior autonomia, de maior liberdade, é a motivação profunda do homem e da sociedade. A sua dependência às autoridades chamadas também de Alienação ou Heteronomia é o que constitui a maior doença social dos nossos tempos.
Fazer evoluir o homem, para fazê-lo passar de autômato a homem consciente de suas responsabilidades e da sua posição no mundo, é tarefa primordial do dirigente.
Além da necessidade psicológica que os indivíduos e os grupos sentem de ser dirigidos, existe também uma razão propriamente administrativa e racional: na consecução dos objetivos comuns aos grupos, são necessárias, dentro da divisão de trabalho, pessoas que distribuam as responsabilidades em função das características individuais; que coordenem os esforços dos indivíduos e determinem o melhor caminho a seguir. Dentro de qualquer grupo social, o líder é a peça mestra, catalisadora das energias individuais. Deve-se, por imediato, dar atenção toda especial aos dirigentes, quando se quer criar, modificar ou aperfeiçoar uma coletividade, seja nação, empresa, associação ou turma de alunos. Deve-se tomar cuidado, não somente na sua escolha, mas também à sua formação e no seu aperfeiçoamento.
Em caso de emergência, é mais interessante e racional ter um Estado-Maior bem preparado que todos os soldados bem treinados. Com efeito, o Estado-Maior prepara - soldados em pouco tempo, mas os soldados não treinarão um Estado-Maior.
Mas, para poder formar os futuros dirigentes, é preciso descobri-los o mais cedo possível, para o que é necessário organizar um sistema de seleção que permita, dentro de um grupo qualquer, reconhecer os futuros líderes. A psicotécnica presta grande auxílio neste sentido.
Que É Um Líder ?
Depois de termos estudados as definições de diferentes autores sobre as expressões “líder” e “liderança”, chegamos à conclusão de que: “Líder é todo o indivíduo que, graças à sua personalidade, dirige um grupo social, com a participação espontânea dos seus membros”.
Qualquer Indivíduo Só Poderá Ser Considerado Como Líder Se Pela Sua Personalidade :
a) dirige um grupo social;
b) tem a participação espontânea do grupo.
Exemplificando
Numerosos ministros ou chefes de Estado foram líderes porque no início de suas chefias, dirigiram com o consentimento dos grupos. Deixaram de ser líderes, à medida que crescia a oposição. Os chefes, diretores, presidentes, supervisores, professores, gerentes, dirigem, mas não são líderes enquanto não obtêm a participação espontânea do grupo.
Vice-versa, indivíduos que pela sua personalidade podem obter a participação espontânea do grupo são apenas líderes virtuais e só se tornam líderes reais quando dirigem.
Muitas vezes, um indivíduo torna-se líder porque tem a personalidade necessária para uma situação particular de liderança; é o homem da situação muito freqüente na política. Além da “situação”, são as características do grupo e o meio ambiente que determinam o tipo de líder desejado.
O líder pode ser estímulo, para o grupo ou pode ser “reação” ao grupo, e, na maioria dos casos, os dois.
Os estudos de psicologia da aprendizagem mostram que os indivíduos rendem muito mais quando interessados. E o líder sabe fazer interessar os membros do seu grupo. A produtividade de um grupo nessas condições é sempre maior que a de um grupo dirigido por um chefe ou diretor, mas não líder
Eis A Diferença
O chefe se contenta com tarefas; o líder consegue entusiasmo, interesse pelo trabalho cooperação.
O Triângulo Da Direção
Todo o mundo sabe que há várias maneiras de dirigir, sendo que se podem distinguir três tipos principais de direção, que são os seguintes:
a) A direção autocrática ou ditatorial;
b) A direção laissez-faire ou deixa como está para ver como é que fica;
c) A direção-liderada ou liderança.
Podemos representar estes três tipos de direção num triângulo, em cujos ângulos se situam estas três maneiras de agir na direção. Estão muito bem colocados nas três extremidades do triângulo, pois são atitudes completamente opostas, como veremos a seguir:
A Direção Autocrática
O ditador não se importa em saber o que seus subordinados pensam. Ele os trata como simples capacho, dando ordens que devem ser cumpridas sem discussão; faça isto, faça aquilo; é o lema do diretor. É em geral uma pessoa irritável, brutal, colérica, egoísta e incapaz de compreender os outros. Não tem, aliás, nenhum interesse para isto. Muitas vezes trata os outros assim, porque ele mesmo foi criado de maneira ditatorial e reproduz, inconscientemente, a atitude de seus próprios educadores, ou, pelo contrário, foi criado com mimo excessivo e acostumado desde cedo a mandar em todos, inclusive em seus próprios pais.
O dirigente autocrático provoca, em geral, revolta nas pessoas que ele dirige, ou, então, uma passividade completa que se pode resumir da seguinte maneira: “É melhor fazer o que ele quer, mesmo se eu achar que ele vai levar o empreendimento ao fracasso; não adianta discutir; a culpa será dele e não minha; também não vou fazer um pingo a mais do que ele me ordenar”.
A Direção Laissez-Faire
Laissez-faire em português quer dizer deixar fazer. O lema deste grupo de dirigentes é: “deixar como está para ver como é que fica”. Em geral o dirigente desse tipo é uma pessoa muito insegura, que tem receio de assumir responsabilidades. Ao contrário do outro que dava ordens, este não dá instrução nenhuma, cada um de seus auxiliares faz o que quer e como bem entende. Na divisão do trabalho, na repartição das responsabilidades, a confusão é completa. A sua direção gera atritos e desorganização entre seus funcionários.
A Direção Liderada Ou Liderança
A liderança é a direção na qual se procura concentrar toda a atenção sobre as atitudes e interesses dos subordinados que não são tratados como simples auxiliares, mas, sim, como colaboradores. O líder é a pessoa que procura dirigir com a cooperação, a participação espontânea e a boa vontade das pessoas que ele dirige. O líder não diz: “faça isto, faça aquilo”, mas, sim, “é preciso fazer isto, quer-me fazer um favor, nós temos necessidade de levar este trabalho para frente”, etc.
O líder considera o grupo mais capacitado em resolver os problemas do que ele sozinho. Respeita o homem e crê nele. Consegue a cooperação do grupo, pela sua competência, paciência, tolerância e honestidade de propósito. Não dá ordens; dá o exemplo, estimulando, em vez de ameaçar.
Toda a sua atenção está concentrada sobre o que o pessoal pensa; ele sabe obter o máximo de produtividade através do máximo de boa vontade. O líder consegue, graças a dois fatores principais, que são: a sua personalidade e a sua técnica de liderar.
Outros Tipos De Chefes
Existem outros tipos de chefes. Podemos caracterizá-los da seguinte forma:
O Chefe Maquiavélico
Utiliza-se de intrigas; nunca reúne os membros do grupo para trocar idéias: mas em particular com cada um deles. É mestre em cochichar. Utiliza-se dos seus subordinados como bonecos.
Muitas vezes, propositadamente, organiza ódios entre os componentes do grupo, aplicando a fórmula: “Dividir para reinar”. Em geral, os membros da coletividade que dirige acabam por descobrir-lhe o jogo.
O Chefe Vaidoso E Ambicioso
Torna-se chefe por causa do título e do prestígio que lhe dá a sua profissão; não consegue ser imparcial, pois tem tendência a favorecer os que o bajulam.
O Chefe Instável
Seus subordinados não conseguem seguir as suas instruções, pois ele muda de ideia e dá instruções diferentes ou contrárias, enquanto ainda estão executando as primeiras ordens. Mostra-se interessado por tantos assuntos ao mesmo tempo, que não consegue aprofundar-se em nenhum.
O Chefe Paternalista
Como o nome indica, é o chefe que tem com o seu pessoal um relacionamento de pai para filho; é o homem que usa a bondade para obter o que quer dos seus subordinados. Dá presentes de Natal, de aniversário, cuida especialmente do conforto do seu pessoal, esperando mais trabalho em retribuição. O raciocínio dele é : “Eu fui bom para você, então espero que você seja bom para mim”.
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