CULTO E MÚSICA
- MINISTÉRIO RESGATE
- 28 de mar. de 2020
- 10 min de leitura

AS BASES ESPIRITUAIS DO CULTO CRISTÃO
Psicólogos e sociólogos debatem a procura da razão porque o homem adora.
A antropologia e a arqueologia descobrem em todas as civilizações a presença da religião e do culto. Supõem ser isto resultado do medo, do instinto gregário, do desconhecimento do futuro etc. Numa coisa todos concordam: o homem é um ser adorador, tem espírito religioso, adora.
Mas, quando afirmamos isto, outra batalha se forma: qual a adoração verdadeira? Existe um lugar, uma fonte, um modo de adorar verdadeiros? Existe adoração falsa?
Era nestas interrogações que a alma da mulher samaritana se debatia. Ela estava presa ao pecado do adultério, presa à confusão religiosa.
Na sua época, a babel religiosa, existia.
Ela confessa : “Nossos pais adoravam neste monte (Samaria), vós (Judeus) dizeis que em Jerusalém é que se deve adorar”. Ela poderia dizer mais: “nós aceitamos somente o Pentateuco como livro sagrado e vós dizeis que os salmos e os profetas também o são”.
Afinal, o que se deve seguir ?
Qual a verdadeira religião?
Não poucos de nós passamos pelas mesmas angústias d aquela mulher. Mas, graças a Deus que ela encontrou-se com o Senhor Jesus. E a conversa que teve com o nosso mestre vem respondendo, há dois milênios, estas interrogações espirituais.
Em sua conversa com a mulher, Jesus apresentou : AS BASES ESPIRITUAIS DO CULTO CRISTÃO.
NÃO TEM UM LUGAR ADORATIVO
Podemos afirmar que hoje, ligar a verdadeira adoração a algum lugar da terra é superstição. Jesus disse : “A hora vem quando nem neste monte, nem em Jerusalém, adorareis o Pai”. A verdadeira adoração é de um Deus Espírito, e nesta condição limitar a divindade é ir de encontro à Sua eterna e infinita natureza.
Deus não tem um túmulo sagrado, nem uma Aparecida do Norte, nem uma Roma, nem uma Fátima, nem uma Jerusalém. Ele não se prende à rua tal, número tal; não tem lugar, gruta, nem cidade. Nem seu poder, nem sua pessoa se limitam a um pedaço de pau, nem a um ídolo de ouro, prata ou barro. Não é propriedade particular da igreja tal e nem é monopólio de organização nenhuma. Deus é Espírito e Ele por Jesus Cristo e pelo Santo Espírito, se coloca no interior do homem e aí é adorado, servido, e trabalha esteja este homem no ventre de um peixe, no fundo do mar, pisando no solo da lua, ou presente num templo.
A superstição busca lugar, ídolos, símbolos, amuletos, coisas ungidas, centros peregrinos ativos, gurus, missionários, bispos e reverendos. Mas o louvor cristão busca adorar em Espírito e em verdade.
NÃO É REFLEXO DO CERIMONIALISMO
Deus É Espírito E Quer Adoração Em Espírito.
O louvor cristão é espiritual. O cerimonialismo visa à “sensação”. Procura “impressionar”. O homem adora a liturgia, o brilho, a festa e as emoções. O cerimonialismo se estabelece num culto rígido de gestos ensaiados ou num culto carismático de danças, palmas e sensações. Mas Jesus afirma que o louvor cristão não se prende a aparatos religiosos. Quando Ele esteve presente na festa da dedicação, no instante da cerimônia do derramamento de água pelos sacerdotes, Ele se pôs de pé em lugar de destaque e proclamou: “Quem tem sede, venha a mim e beba” (João 7:37). Só nEle encontramos a satisfação que o cerimonialismo jamais poderá oferecer.
O louvor verdadeiro não é produto fabricado por gestos sacerdotais ou pastorais, nem nas palavras mecanizadas de orações repetitivas; nem é resultado de frases e gestos exorcizantes ou expressões corporais. É a aproximação da alma na sua simplicidade e que, por meio de Jesus Cristo, pelo Espírito Santo, se chega a Deus e, bebendo da água da vida, encontra satisfação, jamais achada nos “gestos ensaiados ou espontâneos” dos homens.
NÃO VEM DE DEDUÇÕES LÓGICAS
Os samaritanos não aceitavam a plenitude bíblica. Só criam no Pentateuco. Eis aqui o erro deles. Tinham abandonado a Bíblia. A confusão entrara em suas mentes. Jesus mostrou que o louvor é revelado pelo Pai. A adoração verdadeira não é fruto da criatividade, não carece de sanções doutorais, nem precisa de endosso humano. Não tem que ser fruto de conclusão lógica.
TEM QUE SER CRISTOCÊNTRICO
A adoração é um ato divino humano. É o encontro do eterno com o passageiro. Do infinito com o finito. Do Espiritual com o carnal, de Deus com o homem.
No culto, no louvor, Deus e o homem se encontram. Por isso deve haver um mediador Deus-Homem. Um homem verdadeiro e um Deus verdadeiro devem mediar o louvor. Este perfeito homem, perfeito Deus, é Jesus Cristo. A mulher sabia que, “quando viesse o Messias”, tudo seria solucionado.
Jesus se apresentou como sendo o que estava por vir. Ele mesmo disse : “Ninguém vem ao Pai senão, por mim” (Jo 14.6).
É impossível o louvor sem a mediação de Jesus Cristo. Tentar adorar a Deus sem estar em comunhão com Jesus é condenação assegurada.
TEM QUE SER UNIVERSAL
A Bíblia diz que os discípulos voltaram e se admiraram que Jesus estivesse conversando com uma mulher, e ainda “samaritana”.
Religiões racistas e preconceituosas não podem ter o louvor verdadeiro. Deus não tem etnias privilegiadas. Agora, sob a dispensação do Evangelho da graça, todos os povos, línguas, tribos e nações são admitidos ao culto verdadeiro.
Devemos fugir de religiões segregarias e acepcionalistas; elas ignoram a graça de um Deus de amor, pois, em Cristo “não há homem, mulher, bárbaro, cita, sábio ou inculto”, somos em Cristo, todos admitidos ao seu culto.
Não cremos em religiões fascistas, bairristas, onde se defende a guetificação cultural, regional, ignorando o caráter universal do culto cristão. No louvor cristão, todos os povos da terra são, por meio de Jesus, recebidos pelo Pai, que não faz acepção de pessoas.
TEM QUE SER TRANSFORMADOR
A mulher, após o encontro com Jesus Cristo, teve sua vida mudada. Abandonou a prostituição e se tornou uma missionária. O vero louvor eleva o caráter de quem adora. Fala à mente, ao coração, à vontade e ao espírito.
Não existe no louvor cristão aquela história de que o “culto terminou”. Há um prosseguir adorativo na vida missionária, transformada e transformadora. O louvor cristão se faz presente dia-a-dia na obediência, em casa; no respeito, na igreja; na lealdade, no trabalho; na fidelidade, no amor; no cuidado, em tudo. O louvor é ato vitalício. Quando os homens vêm ao louvor — se realmente adoram — não voltam os mesmos! O louvor cristão fortalece o caráter, restabelece a fé, santifica o espírito.
OS ADORADORES SÃO PROCURADOS POR DEUS
Jesus disse à mulher samaritana que Deus busca seus adoradores! Vivemos sob a influência do Marketing da propaganda. Sabemos que boa divulgação resulta em bom (número) auditório. Encher os templos constitui, hoje, prova de bons ministros. Apelações, shows, estrelas... e a igreja está uma bênção!
Cheia... cheia... Mas Jesus disse que é o Pai quem procura seus adoradores, são escolhas divinas: “Não fostes vós quem me escolhestes a mim, pelo contrário eu vos escolhi”. A verdadeira adoração é a prestada por aqueles que o Espírito Santo reúne na pureza da busca sincera, do louvor verdadeiro.
A BASE BÍBLICA DO CULTO CRISTÃO
A confissão de fé adotada pela igreja, afirma que o objetivo principal da vida humana é a glorificação de Deus e o alegrar-se n’Ele. Isto faz do Culto “o ato mais importante, mais relevante, mais glorioso na vida do homem” (Karl Ba rth). Contudo, quantos crentes sabem distinguir entre a verdadeira e a falsa adoração? Será que você tem cultuado de um modo que agrada a Deus? A base da sua adoração é o ensino bíblico ou a experiência humana ?
O VOCABULÁRIO BÍBLICO
Para alcançarmos uma visão correta sobre o culto cristão, devemos examinar alguns termos usados pelos escritores bíblicos:
1. “Latreía”
Seu significado principal é “serviço” ou “culto”. Denota o serviço prestado a Deus, pelo povo inteiro e pelo indivíduo, tanto externamente no ritual, como internamente no coração. Em outras palavras é o serviço que se oferece à divindade através do Culto formal, ritualístico e através do oferecimento integral da vida (Êx 3:12; 10:3; 7-8; Dt 6:13; Mt 4:10; Lc 1:74; 2:3 7; Rm 12:1).
2. “Leitourgía”
Composto de duas palavras gregas, “povo” ( Iaós ) e “trabalho” ( érgon), significa “serviço do povo”. No Velho Testamento, aplicava-se ao serviço oferecido a Deus pelo Sacerdote, quando apresentava o holocausto sobre o altar de sacrifícios (Js 22:27; 1 Cr 23:24, 28). No Novo Testamento, aplica-se essencialmente ao serviço que Cristo oferece a Deus, pois ele é o nosso “Liturgos” (Hb 8:2, 6). Em suma, “Liturgia” é o ser viço que o pastor e toda a igreja oferecem a Deus à semelhança do serviço realizado por Jesus (Rm 15:16; Fp 2:17; At 13:2).
3. “Proskunein”
Originalmente, significava “beijar”. No Velho Testa mento significa “curvar-se”, tanto para homenagear homens importantes e autoridades (Gn 27:29, 1 Sm 25:23), como para “adorar” a Deus (Gn 24:52; 2 Cr 7:3; 29:29; SI 95:6). No Novo Testamento, denota exclusivamente a adoração que se dirige a Deus (At 10:25-26; Ap 19:1 0; 22:8-9). Em seu emprego absoluto, significa “participar do Culto Público”, “fazer orações”, “entoar hinos” e “adorar” (Jo 12:20; At 8:27; 24:11; Ap 4:8-11; 5:8-10; 19:1-7). Esta adoração compreende o ato externo e a atitude interna correspondente.
4. Outros Termos
Os vocábulos“Eusebia” (piedade) e “Thresfeia” (religião), aparecem no Novo Testamento para expressar a conduta do adorador (2 Tm 3:12; Jo 9:9-35; At 26:5; Tg 1:26). Quem adora mostra a sua devoção através de uma vida piedosa.
EMBASAMENTO TEOLÓGICO
A adoração cristã se fundamenta na Nova Aliança (Hb 8). Está franqueada ao crente a comunhão com Deus, pelo novo e vivo caminho aberto por Jesus Cristo (Hb 10:19-22). Portanto, ofereçamos sempre por Ele (Jesus Cristo) a Deus “sacrifício de louvor” (Hb 13:15a).
Em todo Novo Testamento temos informações importantes sobre o culto:
1. Mediador Do Culto
O Culto Cristão é mediado por Jesus Cristo, o sumo sacerdote que se identifica com os adoradores (Hb 2:12, 13; 16-18; Jo 17:24; Mt 18:20).
2. Sacerdote
Cristo fez de seus seguidores sacerdotes de Deus, isto é, pessoas cujo culto, Deus aceita (Ap 1:5,6; 5:8-10; 1 Pe 2:9).
3. Reverência
O Culto Cristão não deve ser profanado, mas ofereci do com reverência e temor (Hb 10:28-31; 12:28-29).
4. Natureza Do Culto
O Culto Cristão, não é meramente um evento sociocultural (Hb 4:16; 1 Jo 1:5-10).
OS PRÉ-REQUISITOS DO CULTO
“O cumprimento de um ritual não basta para que haja culto. É indispensável a aceitação, por Deus do culto oferecido. Deus estabelece condições para aceitar a adoração de homens. A ignorância dessas condições, ou sua violação, transforma o ritual em exercício unilateral enervante com sérias consequências para os participantes” (Boanerges Ribeiro).
Vejamos os pré-requisitos do culto sem os quais não alcançamos comunhão com Deus, ao contrário provocamos a Sua ira:
1. Fé (Hb 10:38; 11:6)
2. Envolvimento total da vida (Rm 12:1-2; Mc 12:30; Lc 10:27)
3. Deve ser dirigido a Deus (Mt 4:10; 6:6; Hb 13:15)
4. Modelado pelo ensino bíblico (Mt 15:9; Hb 4:12-13; Hb 12:28)
5. Mediado por Cristo (Hb 9:12, 24-28; 10:19)
A NECESSIDADE E ESSÊNCIA DO CULTO
O “tédio religioso” sempre foi um dos maiores inimigos do Cristão, no que se refere à sua vida espiritual. O tédio é um estado mental resultante do esforço para manter interesse por uma coisa pelo qual não temos o mínimo interesse. Por exemplo: participar de uma escola dominical, quando o nosso desejo era estar na praia. Este fato tem levado a igreja, em nossos dias, a oferecer certos atrativos ao povo, no que tange ao culto. “Em muitos lugares raramente é possível ir a uma reunião cuja única atração seja Deus. Só se pode concluir que os filhos de Deus estão entediados dEle, pois é preciso mimá-los com pirulitos e balinhas na forma de filmes religiosos, jogos e refrescos” (A. W. Tozer) . Por esta razão, propomo-nos discutir a necessidade e a essência do culto.
A NECESSIDADE DO CULTO
O culto é necessário pelas seguintes razões:
1. Finalidade Do Homem
No culto, o homem acha a razão da sua existência. Ele foi criado para a adoração. “O fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre”. Fora da posição de adorador de Deus, o homem não encontra o sentido para vida (leia 1 Co 10:3 1; Rm 11:36).
2. Obediência
O culto foi instituído e ordenado por Jesus Cristo. Como diz Karl Barth: “Na adoração, não somos chamados a expressar nossas necessidades ou possibilidades, mas sim a obedecer”. Quando a igreja se reúne para louvar, orar, pregar a Palavra e celebrar os sacramentos, ela simplesmente obedece (Mc 16:15 -16; At 1:8; 1 Co 11:24, 25; At 20:7).
3. O Espírito Santo
O culto é suscitado e expresso pelo Espírito Santo. A salvação provoca adoração (At 10:46). O perdão restaura a capacidade de adorar, anteriormente perdida por causa do pecado. Veja alguns exemplos: (Lc 5:25; 13:13; 17:15; 18:43; 1 Co 12:3 e 2 Co 1:22).
4. Utilidade
O culto é útil. Ele tem utilidade didática, sociológica e psicológica. No ato do culto aprendemos a ser cristãos. Ele é a escola por excelência do cristão. No culto há também coesão, integração e comunhão pessoal (1 Co 10:17; At 2:42-47). Por fim, o culto traz paz, descanso e cura para a alma dos fiéis.
A ESSÊNCIA DO CULTO
Em meio às múltiplas maneiras de cultuar, há um elemento imprescindível à adoração: o AMOR. A essência da adoração é o amor. É totalmente impossível adorar a Deus sem amá-lo. E Deus nunca se satisfez com menos que “TUDO”. “Ama rás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força” (Dt 6:5; Mt 22:37). “Sem o incentivo do amor por Deus, o culto não passa de palha, pura casca, isento de qualquer valor. Pode até se tornar em culto a satanás” (Russel Shedd). Afirmamos, entretanto, que o culto verdadeiro requer amor de todo o coração, amor integral da mente e todo o nosso esforço.
1. Amor De Todo Coração
Para o Hebreu, o “Coração” é considerado a sede da mente e da vontade, bem como das emoções. O termo “Alma” refere-se à fonte da vida e vitalidade (Gn 2:7,19), ou mesmo o próprio “ser”. Estes dois termos indicam que o homem deve amar e adorar a Deus sem qualquer reserva em sua devoção. É no coração humano que Deus se revela (At 16:14; 2 Co 4:4,6). É, portanto com o coração que devemos expressar nosso amor por Ele.
2. Amor Integral Da Mente
A adoração envolve também o exercício da mente. “Dianóia” , em grego, significa a capacidade de pensar e refletir religiosamente (1 Jo 5:20; Ef 4:18; Mt 24:15). Este entendimento é dádiva divina (Lc 24:25; Ef 1:17,18).Portanto, a adoração deve ocupar a mente, de maneira a envolver a meditação e consciência do homem. Em Romanos 12:2, Paulo estabelece que o culto cristão deve ser racional ( “LOGIKEN LATREÍA” ). Amar a Deus com entendimento é um desafio para o crente (Mc 12:30).
3. Amor Que Exige Todo Nosso Esforço
Na adoração cristã, Deus exige ser amado com toda a força do adorador (Mc 12:30; Lc 10:27 e Dt 6:5). O termo “Força” (Ischuos) se refere à força e poder de criaturas vivas (Hb 11:34); exige-se que o cristão gaste todas as suas energias físicas em atos de amor por Deus (Rm 12:1; 2 Co 2:15,16). O amor a Deus expressa-se no serviço prestado por meio do coração (1 Co 13:3). Portanto, amar a Deus com “Toda a força” representa gastar a vida e energia unicamente com expressões de lealdade e afeição a Deus.
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