ANTROPOLOGIA - A ESTRUTURA DO HOMEM - ESPÍRITO, ALMA E CORPO
- MINISTÉRIO RESGATE
- 28 de jul. de 2019
- 19 min de leitura
Atualizado: 7 de ago. de 2019
A NATUREZA DO HOMEM : ESPÍRITO, ALMA E CORPO

A TRI-UNIDADE HUMANA
- Segundo Gên. 2:7, o homem se compõe de duas substâncias — a substância material, chamada corpo, e a substância imaterial, chamada alma.
A alma é a vida do corpo e quando a alma se retira o corpo morre.
A ideia de que o homem é composto de duas partes chama-se dicotomia.
Mas, segundo 1 Tess. 5:23 e Heb. 4:12, o homem se compõe de três substâncias — espírito, alma e corpo.
Alguns estudantes da bíblia defendem essa opinião de três partes da constituição humana versus doutrina de duas partes apenas, adotada por outros. Ambas as opiniões são corretas quando bem compreendidas.
A concepção de que o homem é constituído de três partes chama-se tricotomia.
O espírito e a alma representam os dois lados da substância não-física do homem; ou, em outras palavras, o espírito e a alma representam os dois lados da natureza espiritual.
Embora distintos, o espírito e a alma são inseparáveis, são entrosados um no outro.
Por estarem tão interligados, as palavras "espírito" e "alma" muitas vezes se confundem (Ecl. 12:7; Apoc. 6:9); de maneira que em um trecho a substância espiritual do homem se descreve como a alma (Mat. 10:28), e em outra passagem como espírito (Tia. 2:26).
Embora muitas vezes os termos sejam usados alternativamente, têm significados distintos. Por exemplo :
"A alma" é o homem como o vemos em relação a esta vida atual. As pessoas falecidas descrevem-se como "almas" quando o escritor se refere à sua vida anterior. (Apoc. 6:9, 10; 20:4.)
"O espírito" é a descrição comum daqueles que passaram para a outra vida. (Atos 23:9; 7:59; Heb. 12:23; Luc. 23:46; 1 Ped. 3:19.)
Quando alguém for "arrebatado" temporariamente fora do corpo (2 Cor. 12:2) se descreve como "estando no espírito".(Apoc. 4:2; 17:3.)
Sendo o homem "espírito", é capaz de ter conhecimento de Deus e comunhão com ele; sendo "alma", ele tem conhecimento de si próprio; sendo "corpo", tem, através dos sentidos, conhecimento do mundo. — Scofield.
O ESPÍRITO HUMANO
Habitando a carne humana, existe o espírito dado por Deus em forma individual. (Num. 16:22; 27:16.)
O Espírito foi formado pelo Criador na parte interna da natureza do homem, capaz de renovação e desenvolvimento. (Sal. 51:10.)
Esse espírito é o centro e a fonte da vida humana; A alma possui e usa essa vida e lhe dá expressão por meio do corpo.
No princípio Deus soprou o espírito de vida no corpo inanimado e o homem "foi feito alma vivente". Assim a alma é um espírito encarnado, ou um espírito humano que recebe expressão mediante o corpo. A combinação desses dois elementos constitui o homem em "alma".
A alma sobrevive à morte porque o espírito a dota de energia; no entanto, a alma e o espírito são inseparáveis porque o espírito está entrosado e confunde-se com a substância da alma.
O espírito é aquilo que faz o homem diferente de todas as demais coisas criadas. é dotado de vida humana (e inteligência, Prov. 20:27; Jo 32:8) que se distingue da vida dos irracionais.
O espírito do homem, quando se torna morada do Espírito de Deus (Rom. 8:16), é centro de adoração (João 4:23,24); de oração, cântico, bênção (1 Cor. 14:15), e de serviço (Rom. 1:9; Fil. 1:27).
O espírito humano, representando a natureza suprema do homem, rege a qualidade de seu caráter.
Aquilo que domina o espírito toma-se atributo de seu caráter.
Por exemplo, se o homem permitir que o orgulho o domine, ele tem um "espírito altivo". (Prov. 16:18.)
Conforme as influências respectivas que o dominem, um homem pode ter um espírito :
Perverso (Isa. 19:14); Um espírito rebelde (Sal. 106:33); Um espírito impaciente (Prov. 14:29); Um espírito perturbado (Gên.41:18); Um espírito contrito e humilde (Isa. 57:15; Mat. 5:3). Pode estar sob um espírito de servidão (Rom. 8:15), ou ser impelido pelo espírito de inveja (Num.5:14).
Assim é que o homem deve guardar o seu espírito (Mal. 2:15), Dominar o seu espírito (Prov. 16:32), pelo arrependimento tornar-se um novo espírito (Ezeq. 18:31) e confiar em Deus para transformar o seu espírito (Ezeq. 11:19).
Quando as paixões vis exercerem o domínio e a pessoa manifestar um espírito perverso, significa que a alma (a vida egocêntrica ou vida natural) destronizou o espírito. O espírito lutou e perdeu. O homem é vitima de seus sentimentos e apetites naturais; e é "carnal". O espírito já não domina mais, e essa impotência se descreve como um estado de morte. Dessa maneira há necessidade de receber um espírito novo (Ezeq. 18:31; Sal. 51:10); e somente aquele que originalmente soprou no corpo do homem o fôlego da vida poder soprar na alma do homem uma nova vida espiritual — isto é, regenerá-lo. (João 3:8; 20:22; Gal. 3:10.) Quando assim sucede, o espírito do homem novamente ocupa lugar de ascendência, e chega a ser homem "espiritual". Entretanto, o espírito não pode viver de si mesmo, mas deve buscar a renovação constante mediante o Espírito de Deus.
A ALMA DO HOMEM
(a) A NATUREZA DA ALMA
A alma é aquele princípio inteligente e vivificante que anima o corpo humano, usando os sentidos físicos como seus agentes na exploração das coisas materiais e os órgãos do corpo para se expressar e comunicar-se com o mundo exterior.
Originalmente a alma veio a existir em resultado do sopro sobrenatural de Deus.
Podemos descrevê-la como espiritual e vivente, porque opera por meio do corpo. No entanto, não devemos crer que a alma seja parte de Deus, pois a alma peca. É mais correto dizer que é dom e obra de Deus. (Zac. 12:1.)
Devem-se notar quatro distinções :
1. A alma distingue a vida humana e a vida dos irracionais das coisas inanimadas e também da vida inconsciente como a vegetal.
Tanto os homens como os irracionais possuem almas (em Gên. 1:20, a palavra "vida" é "alma" no original). Poderíamos dizer que as plantas têm alma (no sentido de um princípio de vida), mas não é uma alma consciente.
2. A alma do homem o distingue dos irracionais.
A alma do homem é de qualidade diferente sendo vivificada pelo espírito humano. Como "toda carne não é a mesma carne", assim sucede com a alma; existe alma humana e existe alma dos irracionais.
Evidentemente, os homens fazem o que os irracionais não podem fazer, por muito inteligentes que sejam; a sua inteligência é de instinto e não proveniente de razão.
Tanto os homens como os irracionais constroem casas. Mas o homem progrediu, vindo a construir catedrais, escolas e arranha-céus, enquanto os animais inferiores constroem suas casas hoje da mesma maneira como as construíam quando Deus os criou.
Os irracionais podem guinchar (como o macaco), cantar (como o pássaro), falar (como o papagaio); mas somente o homem produz a arte, a literatura, a música e as invenções cientificas.
O instinto dos animais pode manifestar a sabedoria do seu Criador, mas somente o homem pode conhecer e adorar a seu Criador.
Para melhor ainda ilustrar o lugar elevado que ocupa o homem na escala da vida, vamos observar os quatro degraus da vida, que se elevam em dignidade um sobre o outro, conforme a independência sobre a matéria.
Primeiro, a vida vegetal, que necessita de órgãos materiais para assimilar o alimento.
Segundo, a vida sensível, que usa os órgãos para perceber as coisas materiais e ter contato com elas.
Terceiro, a vida intelectual, que percebe o significado das coisas pela lógica, e não meramente pelos sentidos.
Quarto, a vida moral, que concerne à lei e à conduta.
Os animais são dotados de vida vegetativa e sensível; o homem é dotado de vida vegetativa, sensível, intelectual e moral.
3. A alma distingue um homem de outro e dessa maneira forma a base da individualidade - A palavra "alma" é, portanto, usada freqüentemente no sentido de "pessoa".
Em Êxo. 1:5 "setenta almas" significa "setenta pessoas". Em Rom.13:1 "cada alma" significa "cada pessoa". Atualmente dizemos, " não havia nem uma alma presente", referindo-nos às pessoas.
4. A alma distingue o homem não somente das ordens inferiores, mas também das ordens superiores dos anjos, porque estes não têm corpos semelhantes aos dos homens.
O homem tomou-se um "ser vivente", quer dizer, a alma enche um corpo terreno sujeito às condições terrenas. Os anjos se descrevem como espíritos (Heb. 1:14), porque não estão sujeitos às condições ou limitações materiais. Por essa mesma razão se descreve Deus como "Espírito". Mas os anjos são espíritos criados e finitos, enquanto Deus é o Espírito eterno e infinito.
(b) A ORIGEM DA ALMA
Sabemos que a primeira alma veio a existir como resultado de Deus ter soprado no homem o sopro de vida. Mas como chegaram a existir as almas desde esse tempo ?
Os estudantes da Bíblia se dividem em dois grupos de idéias diferentes :
(1) Um grupo afirma que cada alma individual não vem proveniente dos pais, mas sim pela criação Divina imediata. Citam as seguintes escrituras: Isa. 57:16; Ecl. 12:7; Heb. 12:9; Zac. 12:1
(2) Outros pensam que a alma é transmitida pelos pais. Apontam o fato de que a transmissão da natureza pecaminosa de Adão à posteridade milita contra a criação divina de cada alma; também o fato de que as características dos pais se transmitem à descendência. Citam as seguintes passagens : João 1:13; 3:6; Rom. 5:12; 1 Cor.15:22; Efés. 2:3; Heb. 7:10.
A origem da alma pode explicar-se pela cooperação tanto do Criador como dos pais.
No princípio duma nova vida, a Divina criação e o uso criativo de meios agem em cooperação.
O homem gera o homem em cooperação com "o Pai dos espíritos".
O poder de Deus domina e permeia o mundo (Atos 17:28; Heb. 1:3). De maneira que todas as criaturas venham a ter existência segundo as leis que ele ordenou. Portanto, os processos normais da reprodução humana põem em execução as leis da vida fazendo com que a alma nasça no mundo.
A origem de todas as formas de vida está encoberta por um véu de mistérios (Ecl. 11:5; Sal. 139:13-16; Jo 10:8-12), e esse fato deve servir de aviso contra a especulação sobre as coisas que estão além dos limites das declarações bíblicas.
(c) ALMA E CORPO
A relação da alma com o corpo pode ser descrita e ilustrada da seguinte maneira :
1. A alma é a depositária da vida; ela figura em tudo que pertence ao sustento, ao risco, e à perda da vida. É por isso que em muitos casos a palavra "alma" tem sido traduzida "vida". (Vide Gên. 9:5; 1 Reis 19:3; 2:23; Prov. 7:23; Êxo. 21:23,30; 30:12; Atos 15:26.)
A vida é o entrosamento do corpo com a alma. Quando a alma e o corpo se separam, o corpo não existe mais; o que resta é apenas um grupo de partículas materiais num estado de rápida decomposição.
2. A alma permeia e habita todas as partes do corpo e afeta mais ou menos diretamente todos os seus membros. Este fato explica por que as Escrituras atribuem sentimentos ao coração e aos rins (Sal. 73:21; Jo 16:13; Lam. 3:13; Prov. 23:16; Sal. 16:7; Jer. 12:2; Jo. 38:36); às entranhas (File. 12; Jer. 4:19; Lam. 1:20; 2:11; Cânt. dos Cânt. 5:4; Isa. 16:11); e ao ventre (Hab. 3:16; Jo 20:23; 15:35; João 7:38).
Esta mesma verdade, de que a alma permeia o corpo, explica porque em muitas passagens se descreve a alma executando atos corporais. (Prov. 13:4; Isa. 32:6; Num. 21:4; Jer. 16:16; Gên. 44:30; Ezeq. 23:17, 22, 28.)
"As partes internas" ou "entranhas" é a expressão que geralmente descreve o entrosamento da alma com o corpo. (Isa. 16:11; Sal. 51:6; Zac. 12:1; Isa. 26:9; 1 Reis 3:28.)
Essas passagens descrevem as partes internas como o centro dos sentimentos, de experiência espiritual e de sabedoria. Mas notemos que não é o tecido material que pensa e sente, e, sim a alma operando por meio dos tecidos. Corretamente falando, não é o coração de carne, mas a alma, por meio do coração, que sente.
3. Por meio do corpo a alma recebe suas impressões do mundo exterior.
Essas impressões são percebidas por estes sentidos : vista, audição, paladar, olfato e tato, e são transmitidas ao cérebro por via do sistema nervoso. Por meio do cérebro a alma elabora essas impressões pelos processos do intelecto, da razão, da memória e da imaginação. A alma atua sobre essas impressões enviando ordens às várias partes do corpo por via do cérebro e do sistema nervoso.
4. A alma estabelece contato com o mundo por meio do corpo, que é o instrumento da alma. O sentir, o pensar, o exercer vontade e outros atos, são todos eles atividades da alma ou do "eu".
É o "eu" que vê e não somente os olhos; é o "eu" que pensa e não meramente o intelecto; é o "eu" que joga a bola e não meramente o meu braço; é o "eu" que pede e não simplesmente a língua ou os membros.
Quando um membro é ferido, a alma não pode funcionar bem por meio dele; em caso de lesão cerebral pode resultar a demência. A alma então passa a ser como um músico com um instrumento danificado ou quebrado.
(d) A ALMA E O PECADO
A alma vive a sua vida natural através dos instintos, termo que vamos empregar por falta de outro melhor. Esses instintos são forças motrizes da personalidade, com as quais o Criador dotou o homem para fazê-lo apto a uma existência terrena (assim como o dotou de faculdades espirituais para capacitá-lo a uma existência celestial). Chamamo-los instintos porque são impulsos inatos, implantados na criatura a fim de capacitá-la a fazer instintivamente o que é necessário para originar e preservar a vida natural.
Assim escreve o Dr. Leander Keyser: "Se no inicio de sua vida o infante humano não tivesse certos instintos, não poderia sobreviver, mesmo com o melhor cuidado paterno e médico." Vamos considerar os cinco instintos mais importantes.
O primeiro é o instinto da auto-preservação que nos avisa de perigo e nos capacita a cuidar de nós mesmos.
O segundo, é o instinto de aquisição (conseguir), que nos conduz a adquirir as provisões para o sustento próprio.
O terceiro, é o instinto da busca de alimento, o impulso que leva a satisfazer a fome natural.
O quarto é o instinto da reprodução que conduz à perpetuação da espécie.
O quinto, é o instinto de domínio que conduz a exercer certa iniciativa própria necessária para o desempenho da vocação e das responsabilidades.
O registro desses dotes (ou instintos) do homem concedidos pelo Criador acha-se nos primeiros dois capítulos de Gênesis.
O instinto de autopreservação implica a proibição e o aviso: "Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás porque no dia em que dela comeres certamente morrerás."
O instinto de aquisição aparece no fato de ter Adão recebido da mão de Deus o lindo jardim do Éden.
O instinto da busca de alimento percebe-se nas palavras: "Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão sementes, as quais se acham sobre a face de toda a terra, e todas as árvores em que há fruto que dê semente ser-vos-á para alimento."
Ao instinto de reprodução referem-se estas declarações: "Homem e mulher os criou." "Deus os abençoou e lhes disse: frutificai, multiplicai-vos."
Ao quinto instinto, domínio, refere-se o mandamento: "Enchei a terra, e sujeitai-a; dominai.
"Deus ordenou que as criaturas inferiores fossem governadas primeiramente pelos instintos, mas o homem foi elevado à dignidade de possuir o dom de livre arbítrio e a razão, com os quais poderia disciplinar-se a si mesmo e tornar-se árbitro do seu próprio destino.
Como guia para o regulamento das faculdades do homem, Deus impôs uma lei. O entendimento do homem quanto a essa lei produziu uma consciência, que significa literalmente "com conhecimento".
Quando o homem deu ouvidos à lei, teve a consciência esclarecida; Quando desobedeceu a Deus, sofreu, pois a consciência o acusava.
No relato da tentação (Gên. 3) lemos como o homem cedeu à concupiscência dos olhos, à cobiça da carne, e à vaidade da vida. (1 João 2:16), e usou os seus poderes de modo contrário à vontade de Deus.
A alma consciente e voluntariamente, usou o corpo para pecar contra Deus.
Essa combinação de alma pecaminosa e corpo humano constituem o que se conhece como "o corpo do pecado" (Rom. 6:6), ou "a carne" (Gál. 5:24).
A inclinação e desejo da alma para usar o corpo dessa maneira se descreve como a "mente carnal" (Rom. 8:7).
Visto que o homem pecou com o corpo, será julgado segundo "o que fez por meio do corpo" (2 Cor. 5:10). Isso envolve uma ressurreição. (João 5:28, 29.)
Quando a "carne" é condenada, a referência não é ao corpo material (o elemento material não pode pecar), mas ao corpo usado pela alma pecadora. É a alma que peca. Ainda que a língua do difamador fosse cortada o difamador seria o mesmo. Amputam-se as mãos do larápio, mas de coração ele ainda seria ladrão.
Os impulsos pecaminosos da alma devem ser extirpados; é essa a obra do Espírito Santo. (Vide Col. 3:5; Rom. 8:13.)
"A carne" pode ser definida como a soma total dos instintos do homem, não como vieram das mãos do Criador, e, sim, como são na realidade, pervertidos e feitos anormais pelo pecado. É a natureza humana na sua condição decaída, enfraquecida e desorganizada pela herança racial derivada de Adão e debilitada e pervertida por atos voluntários pecaminosos. Ela representa a natureza humana não regenerada cujas fraquezas freqüentemente se escusam com estas palavras: "Afinal de contas a natureza humana é assim mesmo." é a aberração desses instintos e faculdades dados por Deus que forma a base do pecado.
Por exemplo, o egoísmo, a irritabilidade, a inveja, e a ira são aberrações do instinto da autopreservação.
O roubo e a cobiça são perversões do instinto de aquisição. "não furtarás" e " não cobiçarás" querem dizer: "não perverterás o instinto de aquisição.
A glutonaria é a perversão do instinto de alimentação, portanto, é pecado.
A impureza é perversão do instinto de reprodução.
A tirania, a arrogância, a injustiça e a implicância representam abusos do instinto de domínio.
Assim vemos que o pecado, fundamentalmente, é o abuso ou a aberração das forças com que Deus nos dotou.
Notemos quais as conseqüências dessa perversão :
(1) A consciência culpada que diz ao homem que desonrou a seu Criador, e avisa-o da pena terrível.
(2) A perversão dos instintos reage sobre a alma, debilitando a vontade, incitando e fortalecendo hábitos maus, e criando deformações do caráter.
Paulo fez um catálogo dos sintomas desses "defeitos" da alma (uma palavra hebraica traduzida "pecado" significa literalmente "tortuosidade" em Gál. 5:19-21).
"Ora as obras da carne são manifestas, as quais são: a fornicação, a impureza, a lascívia, a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos, as invejas, as bebedices, as orgias, e outras coisas semelhantes."
Paulo considerou tais coisas tão sérias que acrescenta as palavras :
"os que tais coisas praticam, não herdarão o reino de Deus".
Colocada sob o poder do pecado, a alma toma-se :
"morta em delitos e pecados" (Efés. 2:1).
Colocada entre o corpo e o espírito, entre o mais elevado e o inferior, entre o terreno e o espiritual, a alma fez uma escolha má. Mas da escolha não surgiu proveito, e, sim, perda eterna (Mat. 16:26). Foi feita a má "barganha" de Esaú — a troca da bênção espiritual por uma coisa terrena e perecível. (Heb. 12:16.) Ao morrer, a alma ter que passar para o outro mundo, "manchada pela carne". (Jud. 23.)
Felizmente existe um remédio — A cura dupla, tanto para a culpa como para o poder do pecado.
(1) Porque o pecado é uma ofensa a Deus, é exigida uma expiação para remover a culpa e purificar a consciência. A provisão do Evangelho é o sangue de Jesus Cristo.
(2) Visto que o pecado traz doença à alma e desordem no ser humano, requere-se um poder curativo e corretivo. Esse poder é justamente aquele provido pela operação interna do Espírito Santo que endireita as coisas tortas da nossa natureza e põe em movimento certo as forças da nossa vida. Os resultados (os frutos) são "amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, temperança" (Gál. 5:22, 23). Em outras palavras, O Espírito Santo faz-nos justos, palavra que no hebraico significa "reto".
O pecado é tortuosidade da alma; a justiça é sua retidão.
(e) A ALMA E O CORAÇÃO
Tanto nas Escrituras, como na linguagem comum, a palavra "coração" significa o centro mesmo duma coisa. (Deut. 4:11; Mat. 12:40 Êxo. 15:8; Sal. 46:2; Ezeq.
27:4,25,26,27.)
O "coração" do homem é, portanto, o verdadeiro centro da sua personalidade. É o centro da vida física.
Nas palavras do Dr. Beck: "O coração é a primeira coisa a viver, e seu primeiro movimento é sinal seguro de vida; seu silêncio é sinal positivo de morte." é também a fonte e o lugar onde se encontram as correntes da vida espiritual e da alma.
Podemos descrevê-lo como a parte mais profunda do nosso ser, a "casa das máquinas", por assim dizer, da personalidade, donde procedem os impulsos que determinam o caráter e a conduta do homem.
1. O coração é centro da vida, do desejo, da vontade e do juízo.
O amor, o ódio, a determinação, a vontade e o gozo (Sal. 105:3) unem-se com o coração.
O coração sabe, compreende (1 Reis 3:9), delibera, calcula; está disposto, é dirigido, presta atenção, e inclina-se para as coisas.
Tudo o que impressiona a alma se diz estar fixado, estabelecido, ou escrito no coração.
O coração é o depósito de tudo quanto se ouve ou se experimenta (Lu. 2:51).
O coração é a "fábrica", por assim dizer, em que se formam pensamentos e propósitos, sejam bons ou maus. (Vide Sal.14:1; Mat. 9:4; l Cor. 7:37; 1 Reis 8:17.)
2. O coração é o centro da vida emocional.
Ao coração atribuem-se todos os graus de gozo, desde o prazer, (Isa. 65:14) até ao êxtase e exultação (Atos 2:46); todos os graus de dor, desde o descontentamento (Prov. 25:20) e a tristeza (João 14:1) até ao "ai" lacerante e esmagador (Sal. 109:22; Atos 21:13); todos os graus de má vontade desde a provocação e ira (Prov. 23:17) até à cólera incontrolável (Atos 7:54) e o desejo vingativo ardente (Deut. 19:6); todos os graus de temor desde o tremor reverente (Jer. 32:40) até ao pavor (Deut. 28:28). O coração derrete-se e se retorce em angústia (Jos. 5:1); torna-se fraco pela depressão (Lev. 26:36); murcha sob o peso da tristeza (Sal. 102:4); quebra-se e fica esmagado pela adversidade (Sal. 147:3), é consumido por um ardor sagrado (Jer.20:9).
3. O coração é o centro da vida moral
Concentrado no coração pode haver o amor de Deus (Sal. 73:26) ou o orgulho blasfemo (Ezeq. 28:2, 5).
O coração é a"oficina" de tudo quanto é bom ou mau nos pensamentos, nas palavras ou nas ações. (Mat. 15:19.)
É onde se reúnem todos os impulsos bons ou as cobiças más; é a sede dum tesouro bom ou ruim.
Do que tiver em abundância ele fala e opera.(Mat. 12:34, 35.)
É o lugar onde originalmente foi escrita a lei de Deus (Rom.2:15), e onde a mesma lei é renovada pela operação do Espírito Santo. (Heb. 8:10.)
É sede da consciência (Heb. 10:22) e a ele atribuem-se todos os testemunhos da consciência, (1 João 3:19-21.)
Com o coração o homem crê (Rom. 10:10) ou descrê (Heb. 3:12).
É campo onde se semeia a Palavra divina (Mat. 13:19).
Segundo as suas decisões, está sob a inspiração de Deus (2 Cor. 8:16) ou de Satanás (João 13:2).
É a morada de Cristo (Efés. 3:17) e do Espírito (2 Cor. 1:22); da paz de Deus (Col. 3:15). é o receptáculo do amor de Deus (Rom. 5:5), o lugar da aurora celestial (2 Cor. 4:6), a câmara da comunhão secreta com Deus (Efés. 5:19).
É uma grande profundidade misteriosa que somente Deus pode sondar. (Jer. 17:9.)
Foi em vista das imensas possibilidades implícitas no coração do homem que Salomão proferiu esta admoestação: "Guarda com toda a diligência o teu coração, pois dele procedem as fontes da vida" (Prov. 4:23).
(f) A ALMA E O SANGUE
"Porque a vida (literalmente "alma") da carne está no sangue" (Lev. 17:11).
As Escrituras ensinam que, tanto no homem como no irracional, o sangue é a fonte e o depositário da vida física. (Lev. 17:11; 3:17; Deut. 12:23; Lam. 2:12; Gên. 4:10; Heb. 12:24; Jo 24:12; Apoc. 6:9,10; Jer. 2:34; Prov. 28:17.)
Vamos citar as palavras de Harvey, médico inglês, descobridor da circulação do sangue: "é o primeiro órgão a viver e o último a morrer; é a sede principal da alma. Ele vive e nutre-se de si mesmo, e por nenhuma outra parte do corpo."
Em Atos 17:26 e João 1:13 o sangue se apresenta como a matéria original de onde surge o organismo humano.
Usando o coração como bomba, e o sangue como meio da vida, a alma envia vitalidade e nutrição a todas as partes do corpo.
O lugar que a criatura ocupa na escala da vida determina o valor do seu respectivo sangue. Primeiro vem o sangue dos animais; porém de valor maior é o sangue do homem, porque o homem tem a imagem de Deus. (Gên. 9:6). De estima especial é o sangue dos inocentes e dos mártires. (Gên. 4:10; Mat. 23:35.) O mais precioso de todos é o sangue de Cristo (1 Pedro 1:19; Heb. 9:12), de valor infinito por estar unido com a Divindade.
Pelo plano benigno de Deus, o sangue tomou-se o meio de expiação, quando aspergido sobre o altar de Deus. "Pelo que vô-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que fará expiação pela alma" (Lev. 17:11).
4. O CORPO HUMANO
Os seguintes nomes aplicam-se ao corpo :
(a) casa, ou tabernáculo. (2 Cor. 5:1.) - É a tenda na qual a alma do homem, qual peregrina, mora durante sua viagem do tempo para a eternidade. À morte, desarma-se a barraca e a alma parte. (Vide Isa. 38:12: 2 Ped. 1:13, 14.)
(b) Invólucro. (Dan. 7:15) - O corpo é a "bainha"da alma. A morte é o desembainhar a espada.
(c) Templo - O templo é um lugar consagrado pela presença de Deus — um lugar onde a onipresença de Deus é localizada, (1 Reis 8:27, 28.)
O corpo de Cristo foi um "templo" (João 2:21) porque Deus estava nele. (2 Cor. 5:19.)
Quando Deus entra em relação espiritual com uma pessoa, o corpo dessa pessoa toma-se um templo do Espírito Santo. (1 Cor. 6:19.)
Os filósofos pagãos falavam do corpo com desprezo; consideravam-no um estorvo à alma, e almejavam o dia quando a alma estaria livre das suas complicadas e enredosas roupagens. Mas as Escrituras em toda parte tratam o corpo como obra de Deus, a ser apresentado a Deus (Rom. 12:1), usado para a gloria de Deus (1 Cor. 6:20).
Por que, por exemplo, contém o livro de Levítico tantas leis governando a vida física dos israelitas ? Para ensiná-los que o corpo, como instrumento da alma, deve conservar-se forte e santo.
É verdade que este corpo é terreno (1 Cor. 15:47) e como tal um corpo de humilhação (Fil. 3:21), sujeito às enfermidades e à morte (1 Cor. 15:53), de maneira que gememos por um corpo celestial (2 Cor. 5:2). Mas à vinda de Cristo, o mesmo poder que vivificou a alma transformará o corpo, assim completando a redenção do homem. E o penhor dessa mudança é o Espírito que nele habita. (2 Cor. 5:5; Rom. 8:11.)
SIGNIFICADO TEOLÓGICO DA CRIAÇÃO DO HOMEM
O fato de terem sido criados significa que eles não têm existência independente. Tudo o que temos e somos vem do Criador. Toda nossa vida é por direito dele.
Humanidade faz parte da criação; isto nos diz que deve haver harmonia entre nós e o restante da criação. A ecologia ganha um significado rico (Mandado Cultural)
Fomos feitos à imagem e semelhança de Deus. Dos animais diz-se que foram feitos. Isso significa que os homens não alcançam a plenitude quando todas as suas necessidades animais são satisfeitas. Há um elemento transcendente
Há um vínculo comum entre todos os seres humanos.
Há limitações definidas sobre a humanidade. Somos criaturas, finitas. Nosso conhecimento é incompleto. Somos mortais. Só Deus é inerentemente eterno. Qualquer possibilidade de viver para sempre depende de Deus.
A limitação não é inerentemente má (Gênesis 1:31).
O homem é algo maravilhoso. Apesar de criaturas somos a mais elevada dentre elas. Fomos feitos pelo melhor e pelo mais sábio dos seres! Somos origem da Fonte, da vontade e das mãos de Deus.
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