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ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA I

Atualizado: 12 de set. de 2019



1.0 DEFINIÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO

1.1 Administração não é algo aleatório

Administração não é algo que se faz de maneira aleatória. Ela exige que haja uma estrutura formal e bem estabelecida, na qual sobressaem a um só tempo quatro palavras-chaves: objetivo, organização, planejamento e comando. Sem essas premissas não se chega a lugar algum. Qualquer empreendimento, para cumprir suas finalidades, terá de ter, portanto, objetivos bem definidos, organização com seqüências lógicas, simples e precisas, planejamento que preveja todas as etapas do processo e comando capaz de gerir a administração.

1.2 Administração é trazer funcionalidade

Assim, administrar, em linhas gerais, é fazer com que as coisas funcionem. É tirá-las da inércia e torná-las eficientes e eficazes. É, portanto, exercer uma boa liderança à luz dos princípios há pouco discutidos para que os propósitos da organização sejam alcançados, cumprindo assim a finalidade de sua existência.

1.3 O que é administração eclesiástica

A administração eclesiástica, portanto, se insere na mesma definição. Só que sua concepção é divina para atuar na esfera humana. De um lado é um organismo vivo, que atua como agente do Reino de Deus, e de outro é uma organização que precisa dispor de todas as ferramentas humanas para a realização de seus objetivos. Mas há uma diferença: como a Igreja tem propósitos não só para esta vida, mas também para a eternidade, exige, por isso mesmo, dedicação que muitas vezes foge aos parâmetros humanos. A título de exemplo, numa organização secular quem negligencia suas tarefas e deixa de ser produtivo corre o risco de ser demitido na primeira oportunidade. Na igreja é diferente: toda a sua estrutura precisa estar voltada para restaurar o indivíduo e fazer com que ele retorne à mesma fé. É óbvio que não se excluem medidas disciplinares, quando necessárias, mas mesmo neste caso o objetivo é sempre restaurar, nunca lançar no inferno. A igreja jamais pode dar motivo para que alguém, no juízo, alegue ter perdido a salvação por ter sido abandonado à beira da estrada. Isto implica em afirmar que a finalidade básica da igreja, qualquer que seja o modelo administrativo, é aperfeiçoar os santos para a obra do ministério e levá-los à medida da estatura completa de Cristo.

2.0 MODELOS DE GOVERNO ECLESIÁSTICO

Segundo o livro Administração Eclesiástica (CPAD), corroborado por outros autores de igual jaez, há pelo menos três modelos de governo eclesiástico: episcopal ou prelático, presbiteriano ou oligárquico e congregacional ou independente.

2.1 Episcopal ou prelático

No sistema episcopal o poder pertence aos bispos diocesanos e ao clero mais alto, como acontece nas igrejas romana, grega, anglicana e na maior parte das igrejas orientais.

2.2 Presbiteriano ou oligárquico

Aqui o poder emana das assembléias, sínodos, presbitérios e sessões, como acontece na igreja escocesa, luterana e nas igrejas presbiterianas.

2.3 Congregacional ou independente

Neste modelo sobressai o autogoverno, ou seja, cada igreja se administra mediante a voz da maioria de seus membros, como sucede entre os batistas, os congregacionais e alguns outros grupos evangélicos.

3.0 OS MODELOS DE GOVERNO E O PADRÃO PRIMITIVO

Neste ponto surge uma pergunta: que modelo se adequa aos princípios bíblicos para a Igreja? Comecemos por eliminação. O modelo episcopal é o que mais se distancia do padrão primitivo, pois exclui a participação da Assembléia nas decisões e põe todo o peso no colegiado de bispos ou no próprio Papa, em se tratando do romanismo, que possui o infalível e exclusivo poder de comandar a igreja. O livro de Atos e as epístolas mostram, ao contrário, uma igreja participativa com ênfase para o governo local conduzido pelo pastor, bispo ou presbítero (são termos sinônimos), com o apoio da junta diaconal para as atividades temporais da igreja e tendo a Assembléia como o poder máximo de decisão. Os principais historiadores são unânimes em reconhecer que esse era o modelo da igreja primitiva. Moshiem, citado em Administração Eclesiástica, afirma que “a voz principal pertencia ao povo, ou seja, a todo o grupo de cristãos”. Os líderes locais reuniam-se para o estudo prévio dos assuntos (At 15.6), mas qualquer decisão era tomada pela igreja (At 15.22). As cartas do Apocalipse reforçam a tese. Perceba que elas não se destinam a um colegiado de bispos ou a um Sumo Pontífice, mas ao líder de cada igreja, o qual é severamente cobrado pelo Senhor quanto a sua árdua responsabilidade. Em nenhum momento há a suposição de um colegiado universal para decidir os rumos da Igreja sem a participação dos crentes. Assim, o modelo bíblico privilegia a igreja local. Embora possa estar ligada a uma estrutura denominacional, à luz do Novo Testamento ela é soberana em sua constituição, ação e em seus atos disciplinares. É ela quem indica seus candidatos ao ministério e os submete aos critérios convencionais para a ordenação, e não o contrário. Ou seja, o modelo que mais se aproxima do padrão primitivo é o que conjuga os principais aspectos do modelo congregacional com alguns aspectos do modelo presbiteriano.

4.0 A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DE UMA IGREJA

4.1 Os atos constitutivos

Uma igreja, para constituir-se, precisa basicamente de três documentos :


1) Ata da Assembléia constitutiva;


2) Estatuto, onde se determinam a natureza, os fins, as responsabilidades, a organização, a forma de governo, a competência, a administração e questões afins, e


3) Regimento Interno, onde se particularizam as normas da instituição, que não podem jamais conflitar com o Estatuto.

Uma coisa precisa ficar bastante clara nos atos constitutivos: como e porque a igreja foi constituída, bem como a denominação a que pertence, para que haja o seu reconhecimento segundo os critérios da convenção que abriga a denominação. Só de posse desses documentos a igreja adquirirá personalidade jurídica e poderá cumprir perante a lei não só suas funções espirituais, mas suas atividades jurídicas e sociais, como, por exemplo, a aquisição e alienação de bens.

4.2 O organograma

O organograma é o ordenamento funcional da estrutura eclesiástica. Há pequenas diferenças de uma para outra, dependendo das peculiaridades locais, mas basicamente as igrejas adotam o seguinte modelo estrutural:

4.2.1 Assembléia

Compõe-se dos membros regulares e se constitui no poder máximo de discussão e decisão, cabendo aos órgãos da igreja cumprir o que for aprovado em Assembléia sob pena de prevaricação. Há dois tipos de Assembléia: Ordinária e Extraordinária. A primeira trata dos assuntos do dia-a-dia. A segunda, dos assuntos que se constituem exceção, como: admissão ou exoneração do pastor, aquisição ou alienação de bens, aprovação ou reforma de Estatuto e aprovação ou reforma de Regimento Interno. Em ambos os casos o Estatuto prevê o quorum necessário para que suas decisões sejam legitimas.

4.2.2 Diretoria

Compõe-se normalmente de presidente, dois vice-presidentes, dois secretários e dois tesoureiros e tem a responsabilidade de conduzir a administração. O mandato costuma ser bienal (tanto para os coordenadores de departamentos), a exceção do presidente, que, por ser simultaneamente o pastor, na tradição assembleiana, permanece à frente da igreja enquanto bem servir ou até quando deixar o pastorado por transferência, jubilação ou em virtude de alguma decisão disciplinar. O "bem servir", aqui, às vezes é letra morta, mas levado em conta o seu verdadeiro sentido significa o direito de a Igreja decidir pela exoneração de seu pastor nos casos exaustivamente comprovados em que ele não mais esteja "bem servindo" à Igreja. Ao presidente cabe :


a) Convocar e dirigir todas as Assembléias, bem como as reuniões da Diretoria e do Corpo Ministerial;

b) Representar a igreja judicial e extrajudicialmente;

c) Assinar, com o 1º secretário e o 1º tesoureiro, escrituras de compra e venda, de hipoteca e de alienação de bens imóveis, sempre mediante autorização prévia e nos termos do Estatuto;

d) Assinar as atas das Assembléias da igreja, depois de aprovadas;

e) Assinar, com o 1º tesoureiro, cheques e outros documentos de crédito em conta conjunta;

f) Autorizar, com o 1º tesoureiro, todas as contas e gastos, assinando os recibos e demais documentos da tesouraria, de acordo com as decisões administrativas;

g) Velar pelo bom desempenho da igreja, observar e fazer cumprir o Estatuto, o Regimento Interno e as resoluções da Assembléia;

h) Representar, de fato, a igreja perante suas coirmãs e convenções. Na qualidade de pastor é também de sua responsabilidade a direção dos atos de cultos e das reuniões solenes, bem como a orientação espiritual e doutrinária dos membros.

4.2.3 Corpo ministerial

Compõe-se dos pastores que servem à igreja, seja na sede, seja nas congregações, os quais se reúnem sob convocação do presidente para a discussão prévia dos assuntos que serão levados à ordem do dia para a apreciação da Assembléia. Alguém poderá perguntar: onde entram os presbiteros? Faço coro com o saudoso pastor Alcebíades Pereira de Vasconcelos, que não concordava com a existência desse grupo "intermediário" em nossa tradição assembleiana, posto que "presbítero" é sinônimo de pastor com sentido de supervisão, superintendência.

4.2.4 Conselho Fiscal

Compõe-se normalmente de três membros, com a responsabilidade de auditar as contas da igreja e emitir parecer sobre o balancete a ser apreciado em Assembléia.

4.2.5 Departamento de Administração

Como o próprio nome indica, esse departamento cuida das questões administrativas e responde pelas seguintes áreas: Serviços Gerais, Diaconia, Obras, Compras e Almoxarifado, Patrimônio, Transportes, Segurança e Finanças.

4.2.6 Departamento de Evangelização e Missões

Estas são basicamente as suas áreas de atuação: Cruzadas Evangelísticas, Evangelismo Explosivo, Hospitais e Presídios, Casas de Recuperação, Grupos Alternativos, Missões Nacionais e Missões Transculturais.

4.2.7 Departamento de Educação Cristã

Estão sob sua responsabilidade as seguintes áreas: Escola Bíblica Dominical, Integração e Discipulado, Cursos Teológicos e Seminários de Formação e Reciclagem.

4.2.8 Departamento de Assistência Social

Compreende basicamente as seguintes tarefas: Atendimento Ambulatorial, Farmácia, Caixa Funerária, Cestas Básicas e Campanhas Sociais.

4.2.9 Departamento de Apoio Espiritual

O Departamento de Apoio Espiritual é de vital importância para a vida da igreja. Estão sob sua coordenação as seguintes áreas: Movimento de Oração, Visitação Doméstica, Apoio Pastoral e Aconselhamento.

9.2.10 Departamento de Música

Cuida dos Grupos Musicais, Equipe de Louvor e Formação de Músicos e Adoradores.

4.2.11 Departamento de Núcleos de Crescimento

Esta é outra área importante de sustentação do crescimento da igreja. Aqui estão os núcleos (ou grupos familiares), que dispõem de uma estrutura própria para o seu desenvolvimento assim estabelecido: coordenador geral, supervisores de áreas, dirigentes, vice-dirigentes e secretários de núcleos.

5.0 O RECEBIMENTO DE NOVOS MEMBROS

O crescimento da igreja é um alvo a ser constantemente buscado. Ele se dá em três direções: 1) crescimento vertical (para com Deus); 2) crescimento horizontal (uns para com os outros), e 3) crescimento quantitativo (a inclusão de novos membros). Os dois primeiros podem ser denominados de crescimento qualitativo. Eles representam os três primeiros objetivos da Declaração de Propósitos de Rick Warren: Celebrar a Deus, ministrar ao próximo e ensinar a obediência. O crescimento quantitativo corresponde aos dois últimos objetivos da mesma declaração: batizar e fazer discípulos. Uma igreja que cresce em qualidade o resultado será o crescimento quantitativo. Uma coisa chama a outra. Assim, há três maneiras de se receberem novos membros na igreja:

5.1 Pelo batismo

Os que se convertem devem ser preparados e levados ao batismo depois de assinarem a Declaração de Propósitos da igreja, tomando assim conhecimento de seus deveres e privilégios como membros do Corpo de Cristo.

5.2 Por carta de transferência

Aqui se refere àqueles que vêm com carta de transferência de outras igrejas. É conveniente que essas pessoas não sejam logo recebidas, mas passem por um "tempo sabático", conheçam primeiro a igreja para a qual estão se transferindo, leiam e assinem a Declaração de Propósitos para então se tornarem membros.

5.3 Recebimento de desviados

Neste caso, há duas considerações a fazer: se ele foi membro da mesma igreja e agora está de retorno, precisa renovar seus compromissos para ser recebido e dar claro testemunho de sua decisão. Mas se sua origem é diferente, é recomendável informar a sua nova condição à igreja de onde se desviou para que então possa ser livremente recebido após assinar a Declaração de Propósitos.

6.0 CONCLUSÃO

A Igreja, em sua concepção divina, rege-se pelos princípios maiores das Escrituras Sagradas. Em sua caminhada terrena, como comunidade local, submete-se às leis para que o seu funcionamento seja legitimamente reconhecido. Todavia, sempre que houver colisão entre as leis humanas e as leis de Deus estas continuarão sendo o nosso padrão absoluto de referência para o nosso viver eclesiástico.


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