ESCATOLOGIA PARTE 3
- MINISTÉRIO RESGATE
- 24 de fev. de 2020
- 7 min de leitura
Atualizado: 15 de mai. de 2020

É necessário oferecer algumas explicações sobre a questão dos julgamentos, que permeiam o ensino bíblico. Dependendo da linha teológica, eles são colocados em diferentes momentos no estudo da escatologia.
Digno de nota é a menção do crescimento em alguns círculos teológicos do Extincionismo ou Aniquiliacismo. Essa linha defende que todas as pessoas são criadas imortais, mas aqueles que persistirem no pecado e rejeitarem a Jesus serão aniquilados e deixarão de existir, minimizando a necessidade de sofrimento eterno.
Embora reconheçam o Inferno como um local literal, afirmam que ele é só para o Diabo e seus anjos (Mt 25.41). A punição eterna mencionada no capítulo 25 de Mateus não é infindável. Como somente Deus possui imortalidade (1 Tm 1.17, 6.16), ela seria um dom "especial" relacionado com redenção em Jesus Cristo (Rm 2.7, 1 Co 15.52-54, 2 Tm 1.10).
OS JULGAMENTOS FUTUROS
A Bíblia fala sobre vários julgamentos, sendo que alguns de seus aspectos envolvem os acontecimentos na Tribulação e no Milênio. Não estão relacionados com a salvação, já que aqueles que aceitam a Jesus vão pro céu e os que não aceitam já estão julgados (Jo 3:17-18) e serão condenados.
Vamos conhecer melhor essa questão
a) Obras dos cristãos -
Embora não seja especificado, é provável que esse julgamento ocorra logo depois o Arrebatamento. As passagens principais que falam desse julgamento são 1 Co 3.10-15 e 2 Co 5.10.23. O chamado tribunal (bema) de Cristo julgará somente crentes, não para condená-los (Rm 8.1), mas para avaliar e premiar suas obras.
Outras passagens que evidenciam que as obras dos crentes passam por avaliação e serão recompensadas no futuro pelo Senhor são Rm 14.10; 1 Co 4.1-5; 9.24-27; 1 Ts 2.19; 2 Tm 4.8; Tg 1.12; 1 Pe 5.4.
b) Santos do Antigo Testamento -
Daniel 12.3 fala da premiação dos "sábios" (salvos) de modo geral associando tal acontecimento à ressurreição e condenação dos ímpios, o que, segundo Ap 20.11-15, acontecerá no final do milênio.
Portanto, se a ressurreição dos cristãos (Igreja) se dá no Arrebatamento (1 Ts 4.13-17), parece que os santos do AT ressuscitarão e serão premiados somente no fim do milênio.
É importante notar que é comum profetas do AT falarem de um evento como se fosse único e o NT desmembrar seu cumprimento em mais de uma ocasião (revelação progressiva).
c) Santos da Tribulação -
Apocalipse 20.4-6 fala da ressurreição dos que foram martirizados na Tribulação antes do início do milênio, visto que reinarão por "mil anos". Não são mencionados julgamento ou recompensas, mas sendo humanos estão sujeitos a isso.
d) Judeus vivos ? Ou seja, os que sobreviverem à Tribulação.
Judeus e gentios serão julgados depois da volta de Cristo e somente os crentes entrarão no milênio.
O julgamento dos judeus se dará no deserto. É descrito em Ez 20.34-38 e ilustrado nas parábolas de Mt 25.1-30. Os aprovados desfrutarão das bênçãos da Nova Aliança (Ez 20.37) enquanto os reprovados não poderão entrar em Israel (Ez 20.38), mas serão lançados nas "trevas exteriores" (Mt 25.30).
e) Gentios Vivos- ou seja, que sobreviverem à Tribulação -
Os gentios também serão julgados na vinda de Cristo (Mt 25.31-46). Joel profetizou que o local de tal julgamento é o "vale de Josafá" (Jl 3.2). Isso pode ser uma referência não a um lugar, mas ao acontecimento, já que Josafá significa "Jeová julga".
f) Satanás e os anjos caídos -
Satanás e os anjos caídos serão julgados no final do milênio e condenados ao fogo eterno (Mt 25.41; Jd 6,7; Ap 20.10). Os santos participarão desse julgamento (1 Co 6.3).
g) Pessoas não salvas -
No final do reino milenar de Cristo, todos os incrédulos mortos serão ressuscitados e julgados para condenação (Dn 12.2). Esse julgamento, também chamado de "ressurreição do juízo" (Jo 5.28,29), acontecerá diante do grande trono branco (Ap 20.11-15), onde Jesus será o juiz (Jo 5.22,27). Serão abertos livros das obras pecaminosas dos incrédulos, além do Livro da Vida, o qual não conterá o nome de nenhum deles. Serão condenados e lançados no fogo eterno (Mt 25.41). Esse é o fim da história. Ela dá, então, início à eternidade.
POSIÇÕES SOBRE O MILÊNIO
Assim como outras questões escatológicas existem debates sobre a ordem dos acontecimentos relacionados ao final dos tempos. Para algumas linhas da teologia uma argumentação muito elaborada a respeito do milênio é exagerada, pois o assunto é mencionado em apenas 3 versículos de Apocalipse 20 (vv 4-7). Além disso, ressaltam que a linguagem alegórica de textos escatológicos não pode resultar em uma interpretação literal.
Os que não acreditam que esse período será literal, defendem o amilenismo (ausência de milênio). Eles afirmam que o termo "milênio" é simbólico e meramente representativo.
Os pós-milenistas dizem que o reino de Cristo está estabelecido nos céus e que se manifesta na terra através das obras da Igreja.
Vamos abordar com maior ênfase o pré-milenismo por ser a visão mais comum na Igreja do Brasil. Sem com isso deixar se apresentar as outras posições.
ENTENDENDO O MILÊNIO
O reino de Cristo não cumpriu plenamente as profecias na sua primeira vinda de Cristo (2 Sm 7.11-16). Isso é usado por ramos do judaísmo, por exemplo, para não reconhecer Jesus como o Messias prometido.
Afirmar que a soberania espiritual de Cristo, que reina sobre tudo desconsidera o seu lugar no trono de Davi (Lc 1.31-33).
O reino de Cristo ainda não aconteceu e a falta dessa compreensão é antiga (Lc 19.11). Entende-se que o cumprimento pleno se dará em um reino que ainda há de ser instituído, período chamado de "milênio", ou "reino milenar de Cristo".
SUA DURAÇÃO
Apocalipse 20.2-7 diz seis vezes que o tempo do milênio é de "mil anos". A repetição insistente da expressão "mil anos" demonstra sua literalidade e importância.
SEU GOVERNO
a) Tipo de governo -
Será uma teocracia, assim como havia em Israel entre a saída do Egito (1446 a.C.) e a instituição da monarquia (1051 a.C.). Jesus reinará de maneira visível sobre a humanidade (Dn 7.14) com poder absoluto (Ap 19.15). Haverá justiça completa (Is 11.4);
b) O centro do governo -
Jerusalém será a sede desse governo (Is 2.3). A cidade será exaltada (Zc 14.10) e gloriosa (Is 24.23), para sempre segura (Is 26.1-4) e no seu centro estará o templo (Is 33.20).
c) Seus governantes -
Um descendente de Davi (o Messias) será o (Jr 30.9; Ez 37.24,25 cf. Lc 1.31-33). A autoridade das doze tribos de Israel será entregue aos doze apóstolos (Mt 19.28). Haverá autoridade para outros príncipes (Is 32.1). A Igreja também terá participação no governo da Terra (Ap 5.9,10).
d) Os súditos do governo -
Inicialmente são judeus e gentios redimidos que sobreviveram à Tribulação. Contudo, todos os recém-nascidos serão exatamente como os de hoje, necessitando de uma decisão pessoal, por meio da fé em Jesus, para serem também redimidos. A obediência política ao Rei não implicará transformação interior que vem da justificação. Assim, ser súdito e ser salvo, naquele tempo, serão duas coisas independentes. Esses, com corpos mortais, dividirão espaço com a Igreja ressurreta, em corpos glorificados e imortais (1 Co 15.42-54).
AS CARACTERÍSTICAS DO MILÊNIO
a) Justiça - Jesus exercerá um governo justo (Is 16.5; 32.1) e as punições serão imediatas (Is 11.4).
b) Paz - Haverá paz e unidade entre as nações (Is 19.23-25). Jerusalém desfrutará uma paz que desconhece há muito tempo (Zc 8.4,5), paz que se estenderá a toda a Terra (Is 2.4).
c) Prosperidade - A Terra será próspera e farta de alimentos (Am 9.13,14) e até os desertos serão produtivos (Is 35.1-7).
d) Religião - O conhecimento do Senhor será amplo sobre toda a Terra (Is 2.2,3). O templo de Jerusalém (Ez 40?48) estará em funcionamento e sacrifícios serão oferecidos. Alguns dispensacionalistas acreditam que esses sacrifícios terão valor memorial, enquanto outros acreditam que farão purificação cerimonial. Haverá a observância de dias e festas (Ez 46.1-15; Zc 14.16).
O PÓS-MILENISMO
Defendida desde os tempos da Idade Média por influência do teólogo católico Agostinho, os pós-milenistas creem que o Reino de Deus está sendo estabelecido agora por meio do ensino, da pregação, da evangelização e das atividades missionárias. Seu foco é na realidade espiritual do governo de Cristo, representado na Terra pela Igreja.
O mundo será um dia cristianizado e a consequência será um longo período de paz e prosperidade que se chamaria Milênio.
Seus principais argumentos são :
O governo do Espírito de Deus no coração do crente mostra que Cristo Reina (Jo 14-16).
A difusão universal do Evangelho é prometida por Cristo e isso ainda não ocorreu (Mt 28.18-20). Nos lugares onde chega a Igreja as condições melhoram.
O trono de Cristo no céu, de onde ele reina e governa (Sl 47.2, 97.5).
A salvação virá a todas as nações, tribos, povos e línguas (Ap 7.9-10).
Essa visão, porém, não aborda a apostasia características do final dos tempos (Mt 24.3-14, 1 Tm 4.1-5, 2 Tm 3.1-7).
O AMILENISMO
Assim como o pré-milenismo, acredita que o reino de Deus está presente agora no mundo por meio de sua Palavra, o Espírito Santo e a Igreja.
Também é chamado de Milênio realizado, defende um contínuo crescimento paralelo entre o bem e o mal no intervalo entre a primeira e a segunda vinda de Cristo.
Seu principal argumento é que o Reino de Deus é central na história bíblica. Por isso não há necessidade de se esperar um reino em uma época futura.
A história está se movendo para o alvo da redenção total do universo (Ef 1.10, Cl 1,18). Apocalipse 24.4-6 refere-se ao reino das almas que estão com Cristo no céu, de onde ele Reina com sua Palavra e seu Espírito.
O NOVO CÉU E A NOVA TERRA
Os últimos capítulos da Bíblia falam sobre a vinda de um novo céu e uma nova Terra, onde o mar deixará de existir (Ap 21.1). Desce do céu uma Nova Jerusalém, descrita em detalhes ao longo do capítulo 21. Nela não haverá separação entre judeus e cristãos.
Essa é a esperada cidade dos justos do Antigo Testamento (Hb. 11.10, e também daqueles que seguem a Jesus Cristo (Hb. 13.14). A cidade de Jerusalém tantas vezes chamada de prostituta e adúltera no Antigo Testamento, agora é substituída pela "Nova Jerusalém", chamada de Noiva do Cordeiro. É o tabernáculo de Deus com os homens (Ap. 21.4).
Se for analisada literalmente, mede 2500 Km de cumprimento, de altura e de largura. O suficiente por exemplo para se construir 8 milhões de ruas nas dimensões das que conhecemos.
Poderemos destacar alguns aspectos dessa Cidade Santa.
Não haverá mais maldições (Ap 22:3; Ap 21:27);
Viveremos em uma santidade perfeita, pois não existe mais pecado (Gn 3:17).
Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro (Ap 22:3)
Nela o Senhor exercerá um governo perfeito. A partir de lá sairão todas as decisões, pois é onde se encontra o trono de Deus.
O Senhor fará da cidade a sua própria morada (Ap 21:3; Ap 22:3)
A Cidade é composta com elementos que simbolizam tudo que é de mais precioso na terra (Ap 21:11-21)
Nela estará a glória de Deus (Ap 21.11,23; Ap 22.5).
Nela não haverá noite (Ap 21:25; Ap 22:5) A luz do Senhor a iluminará (Ap 21:23; Ap 22:5)
Ela será o centro do reino eterno (Ap 21:26; Ap 22:5)
Ela iluminará todos os povos que irão trazer a sua glória (Ap 21:24,26)
A Bíblia encerra-se assim com uma promessa que traz esperança ao cristão que a Terra e sua forma atual passará (1 Co 7.31). Mas não aponta para o vazio, o nada do além-túmulo. Pelo contrário, oferece a "graça do Senhor Jesus" para todos.
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